segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Câncer de Amor




Mudei meu corte de cabelo, cortei bem curto, do jeito que você detestava. Depois fui as compras e renovei meu guarda-roupa. Prazer daquela menina fútil que você tanto tentou matar. Mudei de emprego e finalmente entrei na faculdade –que você tanto queria –Mudei de amigos. Então se você quiser saber de mim perguntando para aquele amigo nosso em comum, desiste. O que ele sabe de mim é que estou feliz e realizada e continuando a minha vida. Pouco disso é verdade. Pouco disso importa.

Pintei o cabelo de vermelho. Acredite se quiser, criei coragem e pintei. Gostei tanto que continuo pintando até hoje. Em contrapartida estou indo para minha quinta sessão de retirada daquela tatuagem que fizemos juntos para celebrarmos nosso amor. Não doeu tanto para fazer, estávamos bêbados, apaixonado, felizes e achávamos que nada poderia nos doer. Dói para tirar. Não tanto quando dói não te ter aqui.

Parei de beber. As ressacas dos últimos meses estavam me deixando nocauteada para ir trabalhar. Já havia perdido você, melhor não perder meu sustento. Troquei de vício e comecei a fumar. Só para ter algo na mão, algo para segurar. Morrer de câncer não me assusta. Já há um tumor aqui, corroendo tudo que há dentro de mim, desde que você me deixou batendo a porta ao sair.

Troquei os bares da boemia pelos livros na minha casa. Parece que é mais suportável ler sobre a dor dos outros do que fingir que é feliz para a sociedade. Acho que você realmente matou a fútil de dentro de mim, afinal. Troquei estilo de música, a banda favorita, a canção que era nossa. Consigo escuta-la sem lembrar de você, porque fiz lavagem cerebral e tirei da minha mente que ela falava de nós dois. É só uma música qualquer, falando de um casal qualquer, descrevendo um amor qualquer. Um amor que nunca conheci. De um casal que nunca vi.

Parei de ir aos lugares que você vai, porque, apesar de desejar te ver, decidi que tudo tem limite –até um amor que achava infinito –Parei de tomar café amargo e comecei a bebê-lo cada vez mais doce, que é pra ver se cura a amargura que deixou em mim. Parei de perguntar sobre você, apesar de ainda querer saber como anda levando sua vida. Não saber é melhor do que saber que você está feliz longe de mim. Parei de tentar entender porque foi embora, porque desistiu, porque parou de me amar, e compreendi que o melhor a se fazer era sobreviver e seguir sem você.

A única coisa que não muda é o que sinto por você. A única coisa que não se apaga é o que você sentia por mim. A única coisa que não troco é o amor que vivemos. E a única coisa que não paro... É de pensar em você.

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