Não importa que você me deixou. Que seguiu um caminho sem
mim. E venceu batalhas sem que eu faça ideia disso. Não importa que eu mudei meu destino. Que eu
me ralei pela estrada. Que não foi você quem secou minhas lágrimas. Digo isso
todos os dias na esperança de que me convença. Mas importar não é o termo
certo. De longe, não é. Eu me importo sim. Eu te queria aqui segurando minha
mão e me ajudando a vencer os dragões diários. Eu me importo que seja outra
pessoa a cumprir a promessa que você fez.
E me importo que seja outra pessoa cumprir minhas promessas com você. O que
acontece é que, mesmo me importando, não faz diferença. Tanto faz, entende?
Olha só, que irônico. Você que fez tanta diferença em minha
vida hoje não faz mais nada. Chega uma hora que aquela frase “quem sente sua
falta, procura” faz todo sentido. E a gente para de tentar achar explicações pela
falta de noticias, pela falta de conselhos, pela falta das conversas, pela
falta. Não há explicação. Se você sentisse saudades, me procuraria. E não seria
orgulho, raiva, mágoa ou dor que impediria. Sabemos que sentimos tudo isso. Não
tivemos o final que nossa história merecia, mas foi você quem pôs o fim
primeiro. Você decidiu dar as costas. Você decidiu não me escutar. Você achou que
eu não valia seu perdão. Você sempre disse que não era capaz de perdoar e nós
sabemos que nem eu.
E não é que eu não tenha procurado, me desdobrado, ido
atrás. Eu fui tantas vezes atrás que cansei de bater com a cara na porta. Acho
que doeu mais seus silêncios do que você ter ido. Não queria te impedir de ir.
Em momento algum quis te prender. Eu só queria saber porque você estava
desistindo tão fácil de nós. Como se nossa historia tivesse sido um rascunho
mal feito que você não gostou e descartou na primeira lixeira. Eu ainda tento
entender e aprender com você como é fácil virar a página e seguir em frente sem
deixar que as marcas sangrem, mas cansei de procurar, de ir atrás, de me
machucar.
Não é que não me doa seus silêncios ou que tenha me
acostumado com sua falta. Não é nada disso. É só que, de tanto você bater a
porta na minha cara, eu liguei o tanto faz, entende? Dói? Sim. Faz falta? Sim.
Me importo? Sim. Mas tanto faz. Aquela história de quando um não quer dois não brigam,
sabe? Eu sozinha não mudo essa história. Doeu perder você, mas agora já passou.
Está passando. Um dia eu talvez nem me importe mais. Aprendi. O dia que a
saudade que sente por mim superar seu orgulho, eu estou aqui, sabe onde me
achar. Se isso nunca acontecer também, tudo bem, eu não ligo.
Tanto faz.
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