Sentir é algo que a muito tempo ele não sabe o que é
Alguma coisa ficou pra trás, ele não quer entender
Então não espere que ele vá se prender a alguém
Mesmo que de repente coincidentemente essa pessoa venha ser você
É Amanhã -Elétrika
Então não espere que ele vá se prender a alguém
Mesmo que de repente coincidentemente essa pessoa venha ser você
É Amanhã -Elétrika
Eu agarrei àquele “eu te amo” sussurrado no ouvido como quem
agarra o ar ao chegar na superfície da água. Deixei que cortasse minha garganta
como facas afiadas, mesmo sabendo que era um “eu te amo” vazio, sem sentimento.
Você não sabe amar. Já faz muito tempo que não ama, que se esqueceu. Ela te
destruiu. E eu achei que podia te reconstruir. Por um momento realmente achei.
Mas não podia. Ninguém pode. Você é inalcançável. E talvez seja isso que te faz
tão interessante, tão atraente, tão perturbador.
Você é tão seguro de si e tão perdido de mim. E me deixa
louca com esse jeito tão distante. Sei lá, logo eu que odeio perder tempo venho
gastando todos meus minutos tentando seduzir você. Eu sei que é inútil. Mas é
um vício, uma necessidade. Não só quero, preciso de você para mim. Pre-ci-so.
Você apenas sorri. Sei o que pensa: pobre menina, é tão fácil iludi-la. Está
escrito nesse seu olhar. Não sei o que sente. Você é controlado e disfarça
muito bem: só mostra o que é vantajoso para você. E depois me confunde,
segundos depois, indo embora sem se explicar.
Verdade seja dita, você nunca vai embora. E não vai porque
você nunca vem. Não de alma, não de corpo, não de um todo. Não se entrega nem
dá trégua. Não faz promessas, mas cobra caro. O preço alto da minha paz de
espirito, minha sanidade. Quando vai embora sem um beijo de consolo, sem uma
carta de despedida, me abandona num náufrago sem esperanças. Eu luto, bato os
braços, desesperada, tento emergir, mas sempre afundo. Aí você se cansa dessa tortura
e sem telefonar, sem mandar recado, bate
a porta e entra. Eu me agarro em você esperando ser salva, procurando por ar,
mas sabendo que só estou me afundando mais e outra vez.
Você joga comigo de um jeito sujo e baixo, que quase sempre
me causa ânsia, mas que acabo deixando. Devo ser uma iludida mesmo, uma pobre
menina, que você pensa quando me olha com esse seu sorriso cínico como agora.
Acabou de dizer que me ama, ainda que sem amar. Eu sei muito bem disso. É um
“eu te amo” vazio, tão vazio que nem automático é. Não há nele um pingo de
sentimento. Nem mesmo o da pena. E você nem mesmo disfarça. Apenas joga essas
três palavras sabendo que é meu bote salva-vidas, a desculpa que eu preciso
para me agarrar a você.
E eu nem resisto nem hesito: a-gar-ro!
Eu sei, sem promessas, você não me ama porque não pode e
amanhã vai ir embora outra vez sem nem sequer olhar para trás. É tortura. Mas
por hoje vou te agarrar mais uma vez. Vou engolir esse “eu te amo” e fingir,
pela milésima vez, que pode ser verdade. Que você pode amar.
Vou me iludir, pobre menina que sou, acreditando que
finalmente te fiz capaz de voltar a sentir.
Capaz de, só por hoje, verdadeiramente me amar.
Uau, Nanda! Uau! Ótimo como sempre. Quando te sugeri essa música pensei no eu-lírico masculino e observador. Mas você, maravilhosa como sempre, entrou na personagem e me presenteou com mais um texto perfeito! Amei!
ResponderExcluirBeijos,
Gabs.
<3
ExcluirAmei, muito lindo!
ResponderExcluirOBS: Poderia tirar minha dúvida? Estou querendo publicar um livro na editora Multifoco e gostaria de saber quanto por cento recebemos por nossas vendas e se a diagramação dos livros da editora é boa. Obrigadinha!
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ExcluirÉ uma ótima editora para se começar.