Eu perdi ela, rapaz, e perdi para mim mesmo. Perdi para esse
medo ridículo de tentar conquista-la, dessa minha timidez de chegar mais perto,
dessa minha resistência de convidar alguém para entrar no meu mundo. Perdi
porque recusei o convite dela para entrar naquele mundo que é só seu. E ela me
convidou tantas e tantas vezes, rapaz. Com aquele sorriso só dela que ainda me
invade a memória. Quando dançava daquele jeito só dela, remexendo de lá para
cá, ao som de qualquer música. Ou como ela me olhava com aqueles olhos
misteriosos dela e me oferecia a chave para descobri-la. Rapaz, eu fugi, deu
medo, entende? Olha só para aquela entrega doentia dela, pelo jeito com que ela
se joga na vida sem nenhum paraquedas, com aquele coração todo puro dela... Deu
medo mesmo, rapaz, deu medo...
De contaminar o mundo dela com meu mundo todo doente, com
todas as minhas falhas, os erros que cometi e as cicatrizes que carrego aqui,
dentro do peito. Rapaz, ela merecia coisa melhor do que o caos, a bagunça, que
eu podia oferecer. Aí eu perdi ela, rapaz. Perdi porque achei que ela era
perfeita demais para mim. E ela é mesmo demais, tão demais que nem fez escândalo,
nem me odiou, nem nada. Percebeu que eu estava fugindo, me escondendo, e se
mandou no meio da noite enquanto eu, bobo, sonhava com ela e sua entrega. Saiu
sem fazer barulho, sem despedir, sem insistir mais um pouco porque percebeu que
tava perdendo tempo. Eu só dei falta pela manhã, quando percebi a ausência de
perfume, o queixo que não estava apoiado no meu peito, a bagunça que ela deixou
no chão da sala. Eu nem tinha aberto os olhos, rapaz, e já sabia que ela tinha
ido embora, a casa estava silenciosa demais para nós dois estarmos nela.
Eu perdi, de burro que fui. E agora nem posso reclamar ou
protestar porque a culpa é minha. Culpa desse meu medo mesmo. E aí eu vi ela,
rapaz, linda com aquele sorriso que nunca vou esquecer. Linda com aquela
entrega que quase apaixonante dela.
Linda de um jeito que quase me sufocou. E toda aquela beleza já não é
mais minha e talvez nunca tenha sido minha. E eu nem posso detestar o cara que
abraçava aquela cintura fina e exibia o maior dos sorriso de orgulho. E que
orgulho ele e deve ter por não ter tido medo da entrega dela. Eu vi os dois
juntos e felizes, rapaz, e aí caiu a ficha. Caiu a ficha e a esperança que eu
ainda nutria de nos encontrarmos lá na frente para resolvermos todos os assuntos.
Tem mais jeito não. Eu perdi ela mesmo, rapaz. Perdi e não foi para ele, foi para
mim. Para mim e a covardia que tive de conquista-la, de entrar no seu mundo, e
do medo de um dia tê-la para perde-la logo depois. Eu a perdi mesmo assim, sem
nunca ter chegado a tê-la de verdade, sem nunca nem sequer ter tentado. Rapaz.
Eu perdi.
Eu a perdi mesmo assim, sem nunca ter chegado a tê-la de verdade, sem nunca nem sequer ter tentado.
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Nanda , será o amor não vivido o mais bonito, por ele de alguma forma continuar puro ?
não sei, mas com certeza é o mais doído ne
ExcluirPERFEITO! <3 SEM MAIS...
ResponderExcluirLindo, lindo texto!
ResponderExcluirPerfeito a maneira como foi escrito. Cada detalhe dito.
Adorei!
<3
Excluirain que fofa você
Desistiu de enviar seu texto flor? ):
ResponderExcluirTo tentando achar um contato contigo, te mandei uns emails pelo contato do seu blog, não chegou?
Excluirdesisti não, mas tu sumiu
"Perdi porque achei que ela era perfeita demais para mim."
ResponderExcluirAi Nanda, que texto lindo! Quantas e quantas vezes deixamos uma pessoa passar por nossas vidas e ir embora por medo de que sejam perfeitas demais para nossas falhas.
Eu sou tão assim...
Seu texto, como sempre, maravilhoso!
Beijos
Tem post novo e promoção lá no blog!
endless-poem.blogspot.com.br
Pois é, a gente pensa muito e pensar só complica as coisas
Excluir<3