terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mais Gostoso Que Caio Castro


Ele era apaixonado por mim. Mas, sabe como é, quinze anos e a gente já acha que sabe tudo sobre a vida. E sobre o amor. Que ele é lindo, alto, forte, de olhos verdes, e, com sorte, até rico. Ou, então, esqueçam os olhos verdes e mandem o Caio Castro, por favor! A gente solta um suspiro, deixa os olhinhos brilhando e sapateia naquelas idiotas da escola que só sabem rir de você porque você não sabe passar maquiagem direito e sua franja nunca fica como deveria, ao arrebatar o coração do cara mais gato da cidade para você. Você pode dizer que não, mas aos quinze, mais do que querer se encaixar, a gente quer mesmo é ser a mais popular, invejada e imitada pelos corredores escolares. Ok, talvez você, aos quinze, fosse mais inteligente ou, pelo menos, não tão fútil. Mas eu era assim. E já que não podia comprar uma calça Colcci, uma maquiagem MAC ou um sapato L.V nada mais justo que eu arranjasse um cara gato pra ter ao lado.

Mas, voltando a ele, o tal que era apaixonado por mim... Uma graça, você sabe. Não exatamente bonito. Quer dizer, do tipo nerd que nunca conheceu uma nota menor que 9,5. Nem preciso dizer que 9,5 foi a maior nota da minha vida –em artes, e não em matemática, claro –Ele era tímido e desengonçado. Parecia que os braços cresceram mais do que o corpo. Vivia derrubando as coisas e de olho em mim, por trás daqueles olhos fundos que não deixavam que alguém, se quer, visse os olhos dele. Sei lá o que um nerd como ele viu em mim, mas eu, nele, só via espinha e motivo para risadas.  Coitado. Ele não tinha culpa de ser daquele jeito. Mas eu também não merecia nada daquele nível. Ok. Não sou nenhuma Jen Aniston, mas, na vida, a gente tem que ter limites. Claro. E claro que  ele virou piada. Você sabe como é, aos quinze anos, a gente bem sabe ser má quando quer.

O tempo passou, ele continuou sendo um nerd estranho com espinhas nojentas na cara, eu continuei a procura do meu Caio Castro e o ensino médio acabou. Festa, discurso, um abraço no garoto estranho que passou metade de sua vida escolar apaixonado por mim enquanto eu me apaixonava por outros. Você é uma garota bonita, mas precisa aprender que aparência não é tão importante assim. HAHA –risada seca, sorriso debochado –e quem você pensa que é com essas espinhas na cara e óculos de fundo de garrafa? Se enxerga!

Um cara gato, cinco anos depois. Um cara realmente gato que me fez esquecer até Caio Castro –mas só por alguns segundos –A gente se encontrou por aí, sabe como é. Ele veio me perguntar se eu me lembrava dele. Claro que não. Eu nunca esqueceria de um sorriso tão bonito e de olhos tão verdes. Então ele contou e, é óbvio, não acreditei. Cadê os braços enormes e magrelos? Academia. Cadê os óculos? Operação. Cadê as espinhas? Tratamento. Cadê o inteligente, foi embora também? Engenheiro civil formado –em quatro anos –e você? Er. Vendedora da Colcci. Claro que ele não me deu bola –a estranha agora era eu –Acenou para uma loira logo depois, disse que foi bom me ver e foi embora com aquela bunda gostosa que –juro –nunca imaginei que ele viria a ter.


Puta injustiça que aquele homem foi apaixonado por mim. Mas, merda, como é que eu saberia que por trás das espinhas nojentas e dos óculos fundo de garrafa tinha um homem muito mais gostoso que o Caio Castro?!







2 comentários:

  1. Muito bom, eu ri muito. Tipo, se ferrou por esnobar o carinha. Coitado do carinha na adolescência, agora já é quase convencional que o nerd vire muito bonito e rico rsrs'.
    http://doisquintos.blogspot.com.br/

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  2. É um bom texto, mas não curti muito .. Prefiro os mais "profundos", com mais sentimentos ..

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Comentários

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