As minhas amigas não entendem o que eu vi em você. E, para
ser sincera, nem eu. A verdade é que você não faz o meu tipo, você nem mesmo é
bonito e, se existisse razão, nunca teria me despertado um segundo olhar. Foi
na quarta ou quinta encarada, é verdade, que aconteceu. Até então eu via o que
as minhas viam: nada que chamassem atenção. Talvez tenha sido enquanto você falava
algo interessante, talvez tenha sido quando todos os caras interessantes se
mostraram babacas. Numa balada, eu nunca te beijaria. Mas na vida real, depois
de te conhecer, talvez eu nunca me canse de te beijar.
Minhas amigas não entendem que seu sorriso pequeno, quase
tímido, me conquiste justamente por esconder no canto um quê de safado que todo
homem deveria ter. Você se faz mistério e eu me faço de desentendida quando te
percebo olhar em minha direção ao invés de prestar atenção no que quer que
esteja fazendo. Elas não veem o convite que seus olhos me fazem a uma viagem
que sempre quis fazer. Nem que seu tom baixo de voz me arrepia até o último fio
da nuca. Minhas amigas sequer imaginam as sensações que estar perto de você me
causam, como se eu nunca tivesse desacreditado em Contos de Fadas ou felizes
para sempre. Elas não tem ideia que o tempo passa rápido quando estamos juntos
e é por isso que eu desapareço –as horas viram segundos, semanas viram dias, a
vontade de estar perto de você nunca é saciada. Elas não entendem que mesmo
discordando a gente combina, que sobra assunto, que sobra diversão, que sobra
loucura e paixão. Que falta vontade de ficar separados. Elas não entendem como
meu coração bate quando suas mãos me envolvem num abraço que me desmancha, nem
sabe que eu encontro sua alma quando trocamos um de nossos olhares intensos em
silêncio. Elas não tem ideia de como sua alma é linda e de como nossos corações
se pertencem.
Eu não as culpo. Não há fotografias que capture nossa
ligação, nem texto meia boca de menina apaixonada que explique o que acontece
comigo quando você me liga para dizer que sentiu minha falta. As minhas amigas não
sentem o que eu sinto ao te segurar, como se eu segurasse todo o meu mundo,
tudo o que preciso, sem importar o que elas veem. Elas não entendem e eu não me
explico. Não explico porque, na verdade,
eu também não entendo. Mas me permito sentir. Minhas amigas não sabem que o que
eu vi em você não se percebe na primeira olhada. Tem que se estar muito atento
para deixar acontecer. Eu deixei. E talvez, eu tenha tido sorte, e você tenha
visto essa mesma coisa inexplicável nos meus olhos de menina perdidamente
apaixonada por você, também.
Digamos que minhas amigas também não entendem, a diferença é que eu sei explicar.
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