sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Vamos Conversar

Para Karen
(acompanhado de um abracinho virtual </3)



Eu sei que é o dia dos pais que está chegando, mas essa carta é para você, é para mim, é para entender porque somos assim. Mãe, eu só queria saber por que você me olha desse jeito, porque tudo que digo está errado, por que nada do que faço é o bastante. O problema sou u mesmo ou o problema é você? Talvez, nós duas? Senta aqui, mãe. Me olha nos olhos. Diminua a altura desse muro que nos separa. Diz para mim, pelo menos uma vez na vida, me escute. Vamos conversar. Como duas estranhas no começo que pegaram, por acaso, um ônibus para o mesmo destino. Por favor.


Uma vez eu li por aí que mãe e filha deveram ser mais do que isso, deveriam ser melhores amigas. Eu quis que você fosse. Eu quis chegar em casa desolada e encontrar o seu abraço. Ser curada por isso que dizem que é o melhor remédio do mundo: colo de mãe. Colocar a cabeça no seu colo e te ouvir dizer que tudo iria ficar bem. Eu contaria daquele garoto que eu gostei e que me ignorou; daquela garota que considerei amiga e me traiu; daquele sonho bobo que não contei para ninguém porque todos iriam rir –e você não riria. A gente falaria de você, do meu pai, da minha irmã. Sem comparações, sem uma preferida, sem disputa. Você não sabe o quanto isso me fere, não é? Você nunca soube muita coisa de mim, na verdade.

É que engoli tudo isso para não magoar você. É que fingi que não me importava suas ofensas para não causar mais brigas. É que fiz tudo isso em silêncio para não ser mais acusada do que já sou. E de tanto engolir, eu fui me  sufocando. Sabe aquela frase “morreu sufocada em palavras que nunca disse”? Desconfio que foi feita para mim, que foi feita para gente. E aí, em silêncio, coleciono dores, mágoas, acusações de que não te dou valor e dúvidas. Me olha aqui nos olhos uma vez e me responda: você me ama, mãe? Então, o que foi que eu fiz para ser tão cobrada e pouco amada? Onde é que eu errei?

Eu te amo. Mesmo com todos os seus defeitos, sabe? Mesmo com todas essas dores que trago aqui. E você não faz nem ideia, não é? Que é meu maior exemplo, que te admiro demais pela mulher que você é, que invejo tua força e queria só um pouquinho da sua dedicação. Mesmo que não sejamos as melhores amigas, que você raramente me escute, que nunca perceba a minha dor. Eu te amo. Que o amor, também, tem um pouco de ingratidão. E talvez um dia a gente converse assim, como tanto imagino, sem amarras. Que eu te peça um colo e você me ofereça seu coração. A gente senta e conversa. Falamos do passado, do presente, do futuro. E eu consiga te dizer o que guardo por aqui, o quanto eu amo você. E o quanto eu queria ouvir, pelo menos uma vez, que você me ama também.


Então, vem aqui. Me olha nos olhos. Por favor. E vamos conversar.



Se você tem alguma sugestão ou gostaria de algum tema ser tratado aqui, basta me pedir, pelo twitter (@nanzcampos -estou sempre lá, falando sozinha), pelo e-mail (nanzcampos@gmail.com) ou, se também prefere não ser identificada, há também o meu ask (ask.fm/nanzcampos)

4 comentários:

  1. E você não faz nem ideia, não é? Que é meu maior exemplo, que te admiro demais pela mulher que você é, que invejo tua força e queria só um pouquinho da sua dedicação. //Que lindo, que lindo *-* me emocionei <3 '

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  2. Ain gente, que lindoo!
    Ameeei mesmo. Não tenho palavras.
    Descreveu perfeitamente. Tudo exatamente como queria falar. Ler algo como se alguém estivesse contando o que se passa na sua vida sem ao menos te conhecer, muito louco isso. hahaha
    Obrigada. E parabens pelo texto :)

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  3. Lindo texto! É isso que falta nas pessoas hoje em dia. Digo no geral. Mais conversa, mais cumplicidade, mais compreensão... Sempre colocar as pessoas no topo da lista e não a falta de tempo. Parabéns.

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  4. Que lindo!
    Até chorei, rsrs, ótima escolha de palavras!
    Muito lindo!

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Comentários

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