segunda-feira, 14 de julho de 2014

Seleção: Com Medo E Sem Você

Esse texto foi selecionado na primeira fase da Seleção



Por favor, diga algo. Mais um dia se passou e continuamos inertes, parados. Eu a vejo passar todos os dias pelo corredor dos armários, trocamos olhares e nada acontece. Você sempre está escondida atrás dos seus óculos e com uma pilha de livros na mão. Confesso que já li todos esses que você segura. Acabei os comprando pelos títulos e para entender um pouco melhor os seus gostos. Tenho muito a dizer sobre o personagem principal do livro verde, no fundo, ele se parece comigo. E você, identificou-se com a outra personagem?

Tento, de verdade, aproximar-me, mas parece que você não deixa ainda que inconscientemente. Algo em você repele qualquer aproximação. Não sei se você já sofreu demais ou simplesmente não se permite tentar. Resolver se abrir é um risco que tomamos diariamente. Podemos chegar ao fundo do poço no primeiro tropeço, mas também é possível enxergar um horizonte jamais visto quando se decide tomar uma atitude dessa. Permitir-se é descobrir um novo mundo em si, é se questionar sobre opiniões já formadas, é não saber como agir e ainda sim querer continuar caminhando apenas por estar acompanhada. No entanto, só consigo decifrar medo no reflexo do seu olhar, quando a vejo pela janela do laboratório de fotografia. Há tantos vidros e espelhos naquela sala e só observo esta garota que almeja ser decifrada, mas que não aprendeu a se decifrar.

Cada passo que dou em sua direção percebo que você recua três. Um espaço suficiente para nunca nos alcançarmos. A questão é que estes mesmos olhos que gritam medo são os que clamam por libertação, por aventuras, por coragem. Foi esse seu olhar paradoxal que me fascinou. Passei dias, semanas, meses tentando lê-los. Talvez, seja por isso que adquiri uma habilidade para perceber cada nova nuance. Sei quando está chateada com seus colegas, quando divaga olhando o jardim, quando está feliz por receber uma palavra do seu orientador e, principalmente, quando o seu olhar oblíquo cruza o meu. 

Você deve estar se perguntando como eu sei de tudo isto, a resposta é que, ironicamente, vejo muito de mim em você. Sou assim e já fui bem mais assim. Também tenho medo estampado na testa e em todas as partes do meu corpo, talvez, só aprendi a disfarçar um pouco melhor. Vai ver aquelas terríveis aulas de expressão corporal do segundo período me ajudaram. É esse medo que também me impede de correr até você. Por isso que dou um passo de cada vez, vou devagar, pé ante pé para, se preciso for, poder voltar. É tanto medo que não sei, de verdade, qual é a origem disso tudo. Ou sei. Acredito que seja o medo do futuro. A questão é que temer o futuro paralisa o presente. E eu paro. E eu fico. E a vida passa. 

Já reavaliei a minha rotina tantas vezes, digo que farei diferente, mas nunca faço. Nunca mudo completamente. Algo sempre acaba sendo superior e me puxa como um elástico que me faz retornar ao estágio inicial. Preciso me libertar deste cinto. Preciso liberar essas amarras. Preciso destravar esse coração. Eu e você. Juntos.Vamos nos ajudar?


Ana Carolina Oliveira, tem 19 anos e é estudante de Jornalismo. A personificação do clichê e bastante idealista. Pensa muito mais do que fala e tenta reorganizar os pensamentos num pedaço de papel. Uma são-paulina que adora astrologia e mora no interior de São Paulo. Você pode acha-la no twitter pelo @kereoliveira


E aí, você curtiu o texto da Carol? Então dê seu like, comenta, porque a participação de vocês conta como pontos pra ela na próxima fase! Escreve aí embaixo o que você achou! A gente tá morrendo de curiosidade pra saber!

7 comentários:

  1. Muito bom o texto o dela!
    Gostei da forma como escreve, parabéns!

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  2. Amei seu texto Carol, é lindo, muito bom mesmo, Parabéns *-*

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  3. "A questão é que temer o futuro paralisa o presente." e o tipo de frase que a gente guarda com a gente por que vale a pena. Gostei bastante do texto - que parece ser bem intimista/pessoal -, parabéns Carol! :)

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  4. Lindo texto! Identifiquei-me com as reflexões. <3

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  5. Lindo texto, Carol! Traduzir sentimentos em palavras é algo muito difícil e você faz isso muito bem. Parabéns!

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Comentários

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