quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Positivo E Operante





Se um carro amarelo virar aquela esquina, vai dar tudo errado. O sinal abre. Vira uma moto preta, um carro azul e mais nada, o sinal fica amarelo. Acho que posso respirar com alívio. Acho errado. Na última hora um carro verde entra na rua cantando pneu. Será que cor secundária vale?

Dizem que o verde é feito do azul com amarelo, que formam um elo. Isso dizem, eu não sei de cores. Eu não sei de nada, por isso fico aqui sentada, fazendo todo o tipo de joguinho tentando descobrir se tudo vai dar errado ou não. Pelo visto vai.

O sinal vai fechar de novo. Se um número ímpar de mulheres com bolsa rosa atravessar a rua, a coisa boa vai acontecer. Mas que tipo de mulher nos dias de hoje usa bolsa rosa? Vale mochila? Não passa uma viva alma.

Esse é o verdadeiro jogo de azar, ótimo para quem vive com a eterna sensação de que esqueceu algo em casa e acha que vai cair toda vez que desce uma escada. Jogadores que jogam esse jogo não querem realmente pensar sobre a questão em jogo. Pode ser que seus pensamentos sejam piores do que o resultado da partida. O bom é que sempre se pode começar outra.

Se aquele casal continuar enrolando e não pedir outro café dentro de meia hora, sinal que tudo vai por água abaixo. É um jogo que demanda tempo. Tempo que eu gasto sem tomar providências para que tudo não vá por água abaixo. A verdade é que não tem água nenhuma. E que tudo sob a luz difusa do dia nublado lá fora, parece ser quase nada.

Uma coisa que habita só a minha cabeça e nem mesmo chega às minhas ações. Eu só bebo chá e fico aqui torcendo. Contra, ainda por cima. Enquanto nada acontece, entre um sache e outro, a coisa não vem. E se ela chegar, eu vou ficar tão feliz. O meu problema com a felicidade é que talvez já tenha passado da hora de eu torcer, mas posso torcer para que dê tempo de correr atrás.

A conta, por favor.


Um comentário:

  1. Oii
    Seu texto me tocou bastante, porque quando era mais nova, tinha essa mania quase compulsiva de ficar fazendo esse joguinho de "se o carro virar pra direita algo vai der errado para mim hoje" "se esse chaveiro cair com tal figura pra cima o meu compromisso hoje vai ser desastroso", com o tempo fui perdendo essa mania, mas não acho que o medo - e o pessimismo - de as coisas derem sempre errado tenha passado, ele apenas está sobre maior controle!
    Beijooos!
    http://vanille-vie.blogspot.com.br/

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Comentários

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