domingo, 7 de setembro de 2014

Sobre Como Tudo Aconteceu

Este é um texto para todos aqueles que já tiveram a oportunidade de morrer de amor um dia...
E continuar vivendo depois.




Foi no fim de uma história errada e torta e no meio de uma aula chata que você apareceu para mim. Foi quando peguei seu olhar divertido na minha direção ao me pegar corada, sem jeito, sem fugas e sem direção. Foi naquele seu sorriso torto, sabe? Naquele sorriso torto e naquela blusa de banda que eu detestava e que depois acabei vestindo num sábado feliz – só para ver se conseguia te fazer um pouquinho feliz também.

Foi quando cê resolveu ouvir minha voz depois de termos virado noites acordados falando sobre nada e dizendo tanta coisa e sentou do meu lado sem pedir licença, só com um sorriso lindo. E quando meio que riu quando assumiu que tocava violão-guitarra e já pressentia que tinha me ganhado ali. Você me ganhou ali pelo sorriso e não pelo violão. Tenho fracos por sorrisos tortos mais do que fracos para acordes de música. Tenho uma enorme queda por você, que tem tudo isso.

Foi quando cê me abraçou sem pretensão no meio da avenida com a maior pretensão do mundo de me beijar dois segundos depois. Foi naquele beijo mesmo que deu um apagão na minha mente por tanto tempo que quando voltei ao normal eu só pensava em te beijar de novo. Foi quando eu percebi que você mesmo tava morrendo de vontade de me beijar para sempre também.

Foi naquela piada ruim, cara, que eu já nem me lembro e que mostrou que por trás da sua fachada de estudante-aplicado-sério-obsessivo-por-um-bom-futuro tinha um moleque meio criança que pedia para ser um pouco cuidado. Foi no jeito que cê me olhou numa tarde meio vazia e me fez voltar a acreditar que ser olhada daquele jeito era possível sim, depois de tantas vezes ter acreditado em olhares errados sobre mim.

Foi quando tu me olhou assustado quando eu balancei ao seu lado e cantarolei a música que tocava no rádio a nossa volta. Quando eu falei sem medo naquela hora, atropelando tudo, escondida por uma rima linda de uma música super famosa, que para você eu tinha guardado todo amor que eu sempre quis mostrar. Foi no jeito que você me abraça sempre que eu balanço ao som de qualquer música, me segurando a você e não me deixando mexer mais do que minha cabeça com minha cara de moleca-sapeca-quero-seduzir-você.

Foi quando cê me deixou te seduzir com um par de olhos enigmáticos e deixou que eu desmanchasse metade dos seus enigmas por trás de uns olhos que sempre quis esconder tudo o que sentia. Foi naquele dia que cê sentou ao meu lado e quis logo rotular nosso começo de romance com uma semana de troca de beijos. Foi quando cê segurou minha mão e me levou para conhecer seus melhores amigos, sem medo de estar me convidando a entrar tão rápido na sua vida. Foi porque eu soube que logo você que expulsava qualquer pessoa que encostasse seu corpo além da pele estava abrindo a porta do seu coração para mim.

Foi no jeito desajeitado que cê assumiu que gostava de mim num domingo quente e no jeito mais desajeitado ainda que deixou escapar seu primeiro eu te amo dentro do carro, num dia de chuva. Foi quando cê enfrentou meio mundo pela gente, cara. Foi quando cê prometeu que ia ficar – e ficou. E quando me abraçou forte quando eu pensei se eu daria conta de ficar por você também. Foi porque cê arrancou meus medos e traumas e resolveu cuidar das minhas feridas infeccionadas que eu tento tampar com band-aid e sorriso amarelos por aí.

Foi quando cê me convidou a enfrentar suas tempestades que você sempre escondeu do resto do mundo e quando desabou no meu ombro quando a morte se aproximou perto demais de pessoas que você amava. Foi quando cê me puxou pra ti e abandonou seu orgulho de cara que nunca ligou para ninguém – mas sempre ligou para mim. Foi quando eu percebi que você também tampava feridas infeccionadas com band-aids e sorrisos amarelos e resolvi cuidar de você como você cuidava de mim.

Foi no meio de uma aula chata quando eu, caindo de sono, resolvi olhar pro lado e te peguei me olhando. E você tentou despistar rápido que não estava de olho em mim. Foi quando eu me escondi por trás do cabelo e te olhei também. E aí eu pensei: quero provar desse garoto o gosto que ele tem. Foi quando eu te vi e você, que nunca enxergou ninguém, me viu também. Foi assim que tudo começou. Foi quando eu descobri que coisa gostosa é isso de morrer de amor. E, por amor, continuar vivendo.


4 comentários:

  1. Ah, que lindo é o amor!
    E os seus textos.
    Me peguei suspirando e esperando a minha oportunidade chegar...<3

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  2. Awn, me derreti aqui! Amo textos de amor que não são clichês! O seu ficou perfeito, me fez enxergar todas as cenas diante dos meus olhos e sorrir que nem uma idiota, especialmente no final.

    "Foi assim que tudo começou. Foi quando eu descobri que coisa gostosa é isso de morrer de amor. E, por amor, continuar vivendo." ♥

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Comentários

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