quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Sobre Sua Ausência



Já faz tempo desde a última vez que tentei contato com você e eu ainda sinto vontade de te ligar num dia qualquer só pra perguntar e aí? como cê tá? tá tudo bem? comigo também. Eu ainda abro a aba de contatos do whatsapp só para olhar pra sua foto, ver qual foi a última hora que você visualizou aquilo, perceber pelo seu novo status qual seu atual status na vida. Conheceu alguém nesse tempo todo? Fez novos amigos? Achou um novo amor? Me esqueceu? Por favor, diga se me esqueceu e aproveita e fala como porque eu ando em busca dessa resposta e nunca chego a lugar algum.

Sinto sua falta. Não a falta aterradora de como sentia nos primeiros meses, mas só como aquele buraco que ninguém (pre)enche. Sabe? Como aquele vazio que ninguém entende que tem e ficam todos perguntando o que é que foi quando eu me mantenho calada por muito tempo e perco meus olhos em alguma coisa que não seja os olhos do outro alguém. Sinto apenas sua falta. Assim, simples, de estar aqui e você estar aí, ao meu lado ou há 1300 km. Porque no final não é a distância física que importa, mas o tanto que você se distanciou daqui, de dentro de mim, no espaço que era seu em meu coração e que hoje parece um Maracanã em plena segunda-feira depois de um clássico com muitos gols: há aqui um silêncio agoniante depois de uma festa do time que ganhou, uma bagunça atordoante que todo mundo deixou pra trás e ninguém ainda limpou; há em mim a ressaca do dia seguinte que nada tem a ver com a bebida que tomei para tentar te esquecer ou apagar de mim a derrota meio vergonhosa que preciso aprender a lidar.

Assim, sinto sua falta. A falta do seu sorriso bobo quando eu contava uma piada muito ruim e o jeito com que você levantava a sobrancelha quando eu criticava algo que você, perfeccionista, não aceitava ser criticado. Sinto falta daquele seu olhar de quem via em mim tudo o que procurava. E de como você andava por aí feliz porque finalmente me encontrara. Sinto falta de ficar em silêncio ao seu lado e isso é o mais estranho. Porque de tudo o que nós fomos, só nos restou o silêncio. E ele não me conforta nenhum pouco. Sinto falta até das nossas brigas, sabia? Daquelas músicas ruins que cê insistia em tentar me fazer gostar de ouvir. Daquele seu jeito mandão que outrora me tirou do sério. E do modo como só você puxava minha orelha que era muito parecido com o modo como você me puxava para um abraço – de quem quer me proteger do resto do mundo e, quiçá, até de mim mesma.

A falta é o que me preenche nos dias frios e, por tudo isso, estou vazia. Foi isso que você me deixou. Logo eu que dizia pra todo mundo que ninguém é insubstituível ainda sofro, depois de tanto tempo, para me livrar de você. De você e das marcas que não se importou em apagar ao sair no meio da noite e me abandonar num pesadelo sem fim, sem ao menos bater a porta, sem deixar um bilhetinho de despedida, sem explicar porque estava indo. Você só foi, não é? Como quem não se importa com quem deixa pra trás. Como quem não dá a mínima pela história que construiu porque já virou a página e, sempre de olho no futuro, não é de páginas com escritos errados que você quer construir sua vida.

Queria sentir raiva de você. Ódio mesmo, de dilacerar a alma e o meu coração. Queria ser dessas pessoas vingativas e planejar um jeito de nossos caminhos se encontrarem lá na frente e você precisar de mim o mínimo que ainda preciso de você. E aí eu poder dizer não. Mas todo mundo sabe que ainda que isso acontecesse, eu nunca lhe diria não. Você sempre me arrancou todos os sins. Mesmo quando eu falei que não queria, era um sim a você que eu sempre disse. Eu queria ir a sua casa e te mostrar os machucados que você me deixou ao partir e não se importar em me cuidar como um dia prometeu que sempre faria. Te mostrar minha falta e minha perda. Ao invés disso tudo, boba que sempre sou, finjo que não perdi, finjo que não sinto sua falta, finjo que virei a página tão bem quanto você e já estou aqui encenando outra história.

Balela. Ainda penso em ligar pra você nos dias ruins e pedir um colo, um cafuné, aquele abraço que só você conseguia me dar e umas conversas meio sem sentido que sempre abafava o medo que o vento e a chuva trazem até a mim. Ainda penso em te chamar pra sair em dias felizes só para comemorar minha nova conquista, meu novo amor, as roupas que eu comprei ou, simplesmente, o fato de estar viva. Quero dizer a você o que sou agora. O que me tornei agora, que não tenho você. O que possivelmente serei daqui uns anos. E falar que é, pode ser, eu encontrei um novo abraço, um novo colo, um cafuné sensacional e pessoas que fazem piadas um pouco melhor que você. Eu encontrei gente com um gosto musical tão ruim quanto o seu. E que me olha como você me olhou. E que me acolhe como você me acolheu. E que pode ser que me ame como você um dia disse que me amou. E que provavelmente vai embora algum dia desses quando eu me tornar um fardo pesado demais para se levar como me tornei pra você. Mas ainda que eu tenha tudo isso e um lugar para me aconchegar quando o cansaço vem, e ainda que eu siga dizendo que todo mundo é substituível e ninguém sofre o resto da vida pelo mesmo alguém, sigo sentindo sua falta. E querendo você aqui. E achando que de todas as pessoas que poderiam não ser substituída da minha vida foi você quem deu adeus a peça e me forçou a encaixar outra pessoa em seu lugar.

E sei lá, só pra variar, te ligar num dia insosso como hoje e perguntar: e aí? Como é que cê tá? Porque eu, cara, por mais que tento enganar nas fotos e nas redes sociais, não tô nada bem. E ainda preciso de você. Por que é que você nunca vem?!




3 comentários:

  1. To.
    Sem.
    Palavras.
    Que texto lindo, triste, incrível, profundo, tocante. Amei cada linha, cada sentimento.
    Obrigada por compartilhar essas experiências com a gente, assim ficamos melhor ao saber que não estamos sozinhos no mundo quando passamos por algo parecido <3
    Debora.
    Beijooooa :D

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  2. Só digo uma coisa: Tô chorando. Tô sensível :(

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Comentários

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