quarta-feira, 1 de abril de 2015

Violência Gratuita




- Quanto custa esse aqui?

- 36,50.

- Porra, você tá de sacanagem.

- Não, não sou pago para estar de sacanagem.

- E eu não sou pago para gastar 36,50 nisso. Não vai durar nem dois dias.

O atendente arregala bem os olhos antes de se afastar. Eu, por minha, vez viro as costas e me ponho dali pra fora.

Antes de me integrar ao fluxo de pessoas que permeia as calçadas eu não soube o que fazer. Isso é uma coisa de signos, ela costuma dizer, o meu signo costuma não saber o que fazer diante da mínima adversidade. Pergunto-me se também tem a ver com o signo quando faço coisas sem saber que aquilo é adverso.

Nesses casos só vou me dar conta depois que já fiz e no geral me arrependo. Fico na dúvida se todo o papo de signo ronda a minha cabeça apenas porque estou arrependido. Na maior parte das vezes eu acho isso a maior palhaçada. Eu detesto esses chavões que agrupam pessoas fazendo suas individualidades serem características de todo um grupo. Os homens preferem as louras, diamantes são os melhores amigos de uma garota, siga seus sonhos. Ela é morena, sabe? E isso não passa de uma bobeira hollywoodiana. Eu não gostaria mais dela se ela fosse loura. Não acho que tem jeito de gostar mais dela, eu gosto muito dela até quando fico louco. Chato que eu fique louco com tanta facilidade.

Em parte é por isso que eu entrei naquela loja onde os chocolates são caros demais. A verdade é que só dei a volta no quarteirão, acho que vou voltar lá. Só espero pegar outro atendente, aquele já deve estar de saco cheio da minha cara.

Pedir perdão com flores está fora de cogitação, isso me lembra de outro chavão que me tira do sério. Em mulher não se bate nem com uma flor. Eu bati foi com a mão mesmo.

E por mais que eu odeie chavões, tem uns que são a verdade verdadeira. Desculpa não passa a dor.


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