Oi, sou eu. Eu mesmo. Sempre achei isso estupido, mas dizer o meu nome para que? Se você já sabe quem é. Se não quer saber quem é. Nem queria que eu te ligasse. E que eu até deletei seu número, para fazer sua vontade, mas pena que não é fácil assim tira-lo de minha cabeça.
Não, não desliga. Não precisa falar nada. Nem precisa desligar. Só deixa o telefone fora do gancho. Porque eu preciso falar. Antes que eu me afogue aqui dentro de mim e morra de tanto sentimento.
Olha, eu sei que já acabou. Sei que não temos mais volta. Eu sei. Já entendi. Quem não entende é meu coração, que apanha, sangra, bate mais lento, sofre, mas não tira você de dentro dele. Coração que até tenta seguir em frente, até tenta conhecer outras pessoas, até tenta se apaixonar, mas ele só procura você. Procura você nos gestos. Nos sorrisos. Nas conversas. Nos olhares. E quando acho alguém com seu nome... Ah! Aí eu me acho!
Me acho. Me perco no cheiro que não é seu, na voz que não é sua, no corpo que não é seu. Me perco nas conversas que não são suas, nos olhares, nos sorrisos que não são seus. Me perco no nome que é o seu. Mas que não é seu.
E não me acho mais.
Coração maltratado, teimoso, burro. Coração que me bate, se bate, não aprende. Bate: quero você, quero você, quero você, quero você. Quero. Você.
Mas você não vem. Já foi embora faz tempo. Levou sua voz, seu sorriso, seus olhares. Só não me levou. Não levou esse amor que sinto por você. Não levou esse coração que bate bate bate bate bate bate bate bate bate por você.
Olha, eu sei, não precisa repetir. Eu lembro o que você disse. Que não dava mais. Que não tínhamos mais nada que fazer juntos. Que já demos o que tínhamos que dar. Que era melhor terminar agora, que é para não matarmos o sentimento, ou, pior, não transforma-lo na dor da indiferença.
E eu entendo. E concordo. E me dói, mas tudo bem. Eu só me preocupo, quem é que vai te fazer rir quando as sombras do seu rosto ficarem pesadas de mais? Você sabe do que estou falando. Quem é que vai secar suas lágrimas quando seus pesadelos te despertarem na madrugada? Quem é que vai segurar sua mão quando seu passado te empurrar por aquele precipício que você tanto corre?
Quem?
Me dói, mas espero que você encontre alguém. Alguém que te salve de você.
Mas não liguei pra isso, liguei só para dizer que eu ainda estou aqui. E vou estar, aonde quer que você vá. Mesmo que você não queira. Eu vou estar. E se por um acaso, numa das pegadinhas da vida, nossos caminhos voltarem a se cruzar, por um momento o tempo voltar, eu vou estar com você. Para clarear as sombras do seu rosto. Para secar suas lágrimas. Para segurar sua mão. E te salvar de você.
Nos salvar.
Você desse seu passado que tanto te atormenta. Eu, desse amor todo que me afoga, machuca meu coração que bate bate bate bate bate por você.
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