sexta-feira, 13 de abril de 2012

Depois






Para Kau

Você estava há poucos metros de mim. E não me via. Tinha outra nos braços e se agarrava a ela, como se dependesse disso para salvar sua vida. Talvez dependesse. Já haviam me falado, mas eu não quis acreditar. Talvez pelo o que vivemos. Talvez por nossa história. Talvez por tudo.

Por tudo.

Mas, agora, eu vejo. Você sorria para ela como estava acostumado a sorrir para mim, quando me conheceu. Você a olhava como um dia me olhou. A segurava como um dia me segurou. Estava ali. E eu te via. Há poucos metros de mim. E você não me via.

 Fiquei parada ali, enquanto a música tocava em sua melodia triste, imóvel. Talvez pelo o que vivemos. Talvez por nossa história. Talvez por tudo.

Por tudo.

Esse mesmo tudo que te faz ter outras nos braços.

 E passaram pela minha cabeça todos os nossos planos. Todos os nossos sonhos. Todas as nossas conversas. Todos os nossos abraços. Todas as nossas promessas de que seriamos para sempre.

E não fomos.

Não formos por minha causa. Por meu ciúme doentio. Minhas neuras infantis. Minhas crises de menina que não sabia dividir, escutar, entender, compartilhar.

E agora, por tudo, por nossos sonhos, nossos planos, nossas conversas, abraços e promessas. Por nosso amor que deu certo por um tempo e nos fez tão bem. E nos fez tão mal. Por nossas brigas, nossas discordâncias, e nosso fim, depois de tantos fins, idas, voltas, tentativas, acertos, erros. Mais erros que acertos. Por tudo, agora você a segura como um dia me segurou. E sorri para ela como um dia me sorriu, encantado, devotado, agradecido. E a olha como um dia me olhou, apaixonado, como se fosse a única mulher do mundo. E talvez eu tenha sido para você, por um tempo. Não para sempre, mas o suficiente. O suficiente para termos uma historia, um antes, e lembranças para depois.

Depois. De todos os planos, os sonhos, as conversas, os abraços, as promessas. O que fica é o passado, a vontade de continuar, de ser feliz. De ter alguém que volte a me segurar, como você a segura. Me olhar, como a olha. Me sorria, como você sorri para ela.

Por tudo, que você seja feliz. Porque hei de ser feliz também. Depois.

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