terça-feira, 8 de maio de 2012

Bobagem mesmo


Disseram a ela que sonhos eram bobagens. Ela não respondia, não se dava ao trabalho, apenas sorria. Sorria querendo dizer que bobagem mesmo era achar que sonhos era coisa de criança, que ser adulto exigia viver sempre na sem graça e dura realidade. Querendo dizer que bobagem mesmo era não sonhar. Porque a correria desses dias malucos, com todos sempre com pressa,  incapazes de notar o próximo, de dar bom dia ao vizinho, de reparar o sol que nasce e se põe todos os dias. Bobagem mesmo era ser atropelado pelos dias, mal ver o tempo passar e se assustar porque, de repente, já é Natal. Bobagem mesmo era ter medo de sonhar. Medo de voar, de pisar nas nuvens e de se encantar de mais, medo de, ao sonhar, desistir de encarar a realidade.

Disseram a ela que sonhos eram bobagens. Ela sorria. Querendo dizer que bobagem mesmo era você encarar os dias preto e branco quando se tem a oportunidade de ver o brilho das cores que colorem nosso mundo. Bobagem mesmo é você ter que estufar o peito, erguer a cabeça, sorrir e dizer que está tudo bem só para não perceberem a sua fraqueza, a sua ferida, a sua dor. Bobagem mesmo, tinha vontade de dizer, é mergulhar no trabalho e deixar de sonhar –porque sonhar, falavam, era coisa de criança.

Disseram a ela que sonhos eram bobagens. Ela não respondeu. Gastar palavras para que? Não entenderiam. Que sonhos é o que move a vida. Que, se você não sonha, você tá meio morto. Que é sem graça de mais passar os dias sem sonhar. Bobagem mesmo, queria dizer, é você não sonhar porque tem medo de não alcançar.

2 comentários:

  1. Disseram a ela que sonhos eram bobagens. Ela sorria. Querendo dizer que bobagem mesmo era você encarar os dias preto e branco quando se tem a oportunidade de ver o brilho das cores que colorem nosso mundo. // BUFFFFFFFFO!

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