Tropecei no seu sorriso esses dias. Parece estranho, eu sei,
mas foi verdade. Não estou maluco, meu amor, não precisa se preocupar. Eu bem
que queria Assim, talvez, doesse menos, ou doesse nada. O que eu queria mesmo
era tropeçar, bater a cabeça e esquecer tudo. Mas só tropecei no seu riso.
Calma, eu já vou explicar.
Fazia um dia lindo lá fora. Nem parecia inverno. Aliás,
essas estações estão confusas, não acha? Ou talvez seja eu que já me perdi no
tempo desde que você se foi. Eu fechei os olhos em março e acordei em agosto. O
céu estava azul. E o sol brilhava. Batia aquela brisa costumeira dessa época do
ano. Nada disso importa. Desde que você foi embora ando mais prolixo do que
antes, tenha paciência. O que importa é que eu já estava há dias sem lembrar de
você. 567 horas para ser mais exato. Sim, eu ando contando, porque a cada
minuto fingindo que você não passou pela minha vida, que nunca tivemos nada e
que mal sei seu nome é como conquistar o ouro numa maratona. Eu ando
conquistando muitos ouros. Enfim.
Eu estava no banho. Tentando pensar no que fazer naquele
domingo de sol. Mais um domingo que eu fingia que estava feliz, que estava
seguindo em frente, que era o mesmo de antes. Talvez assistir o futebol no bar.
Ou ir a praia. Ir à praia e depois assistir ao futebol. Encher a cara. Mal
conseguir lembrar de quem sou. Pra ver se assim tenho coragem de te ligar.
Aí, meu amor, que já nem é mais meu, nem sei se é de alguém, o telefone tocou. Me bateu
um desespero, sabe porque fazia tempo que ninguém me ligava, eu mal lembrava do
toque do telefone. Eu sai correndo enrolado na toalha, com medo da pessoa do
outro lado da linha desistir. Com medo da outra pessoa ser você.
Meus pés estavam molhados. Eu escorreguei no assoalho. E
tropecei no seu sorriso. Aquele que você dava sempre que eu, desastrado como
sou, caía e me machucava todo. Aquela risada que eu adorava, bem na minha nuca.
Eu quase acreditei que você estava aqui, lendo uma revista no sofá. Eu quase te
vi aqui, a uma esticada de mão de mim. Você rindo da minha queda. E eu no chão,
o estômago doendo de tanta dor, de tanto desespero, o coração apertado de tanta
saudade.
O telefone parou. Eu não me mexia. Tropecei no seu sorriso.
E encontrei minhas lágrimas.
Lindo...
ResponderExcluirestou seguindo..
dê uma passadinha no meu...
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