terça-feira, 21 de agosto de 2012

Seu Sorriso




Tropecei no seu sorriso esses dias. Parece estranho, eu sei, mas foi verdade. Não estou maluco, meu amor, não precisa se preocupar. Eu bem que queria Assim, talvez, doesse menos, ou doesse nada. O que eu queria mesmo era tropeçar, bater a cabeça e esquecer tudo. Mas só tropecei no seu riso. Calma, eu já vou explicar.

Fazia um dia lindo lá fora. Nem parecia inverno. Aliás, essas estações estão confusas, não acha? Ou talvez seja eu que já me perdi no tempo desde que você se foi. Eu fechei os olhos em março e acordei em agosto. O céu estava azul. E o sol brilhava. Batia aquela brisa costumeira dessa época do ano. Nada disso importa. Desde que você foi embora ando mais prolixo do que antes, tenha paciência. O que importa é que eu já estava há dias sem lembrar de você. 567 horas para ser mais exato. Sim, eu ando contando, porque a cada minuto fingindo que você não passou pela minha vida, que nunca tivemos nada e que mal sei seu nome é como conquistar o ouro numa maratona. Eu ando conquistando muitos ouros. Enfim.

Eu estava no banho. Tentando pensar no que fazer naquele domingo de sol. Mais um domingo que eu fingia que estava feliz, que estava seguindo em frente, que era o mesmo de antes. Talvez assistir o futebol no bar. Ou ir a praia. Ir à praia e depois assistir ao futebol. Encher a cara. Mal conseguir lembrar de quem sou. Pra ver se assim tenho coragem de te ligar.

Aí, meu amor, que já nem é mais meu, nem sei se é de alguém, o telefone tocou. Me bateu um desespero, sabe porque fazia tempo que ninguém me ligava, eu mal lembrava do toque do telefone. Eu sai correndo enrolado na toalha, com medo da pessoa do outro lado da linha desistir. Com medo da outra pessoa ser você.

Meus pés estavam molhados. Eu escorreguei no assoalho. E tropecei no seu sorriso. Aquele que você dava sempre que eu, desastrado como sou, caía e me machucava todo. Aquela risada que eu adorava, bem na minha nuca. Eu quase acreditei que você estava aqui, lendo uma revista no sofá. Eu quase te vi aqui, a uma esticada de mão de mim. Você rindo da minha queda. E eu no chão, o estômago doendo de tanta dor, de tanto desespero, o coração apertado de tanta saudade.

O telefone parou. Eu não me mexia. Tropecei no seu sorriso. E encontrei minhas lágrimas.

Um comentário:

  1. Lindo...
    estou seguindo..
    dê uma passadinha no meu...
    http://moniqueminda.blogspot.com.br/

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