Sem Despedidas e Sem Perdões

Así que,

Corre,corre,corre,corazón

De los dos tú siempre fuiste el más veloz

Toma todo lo que quieras

Pero vete ya

Que mis lágrimas jamás te voy a dar

Corre! -Jesse Y Joy

Tá se explicando por quê? Se já não é a primeira vez que está se despedindo, que está arrumando as malas, que está dizendo que acabou, que está batendo a porta e dizendo que não volta mais? Esqueça os olhares de piedade, essa cara de quem sente muito, essa hesitação forjada para me iludir. Eu já caí muito nessa história, dessa vez não caio mais.

Você sempre foi previsível e a gente sempre soube onde isto iria dar. E depois de curvas e batidas, chegamos ao fim da estrada sem voltas e sem saída. Eu, machucada, ferida. Você, que sempre foi o mais veloz, passou direto e sem olhar para trás.

A gente sabe disso. E você não precisa fingir que quer ficar, fingir que se importa. Não é a primeira despedida. E não vou dizer que será a última. Vai embora. Pega suas coisas, cada vez menos que coloca em meu guarda-roupa para ter menos trabalho na hora da partida, e vai. Sem desculpas. Sem explicações. Sem mentiras. E sem promessas.

Eu te conheço e a gente sabe. Na próxima parada, na próxima batida, você vai pegar uma estrada e chegar até a mim. E não importa o atalho que você entre, os sinais que avança, os cruzamentos que capota, é para os meus braços que corre quando não tem para onde fugir. E sou eu quem cuida das feridas –minhas e suas –quando elas sangram demais.

Não derramo mais lágrimas por suas partidas definitivas, nem gargalho de felicidade quando você me faz uma visita. Já deixei de ser aquela menina iludida e você já deixou de ser o homem da minha vida. Não te peço para ficar, não gasto minhas palavras para te convencer a não ir. Você acha que seu lugar é no mundo, mas a gente sabe que quando o mundo te vira as costas é na minha cama que vem morar.

Quer ir? Vai. Mas vai em silêncio que já cansei de ouvir. Vai sem desculpas que não tenho o que perdoar. Vai, e deixa uma roupa aqui para quando quiser me visitar. De nós dois, não espero um fim. E de você, não espero mais nada.

Vê se não bata a porta. E quando voltar –porque sabemos que vai voltar –chega sem fazer alarde, sem escândalos. Não precisa fingir felicidade nem dizer que veio para ficar. Em silêncio, se enfie de baixo das cobertas, e não me acorde, por favor, que eu quero dormir.