segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Esse Ponto





Não me olha assim. Eu já pedi para não me olhar assim, droga! Você acha que eu queria fazer isso? Você acha que eu realmente queria que terminássemos desse jeito? Cala a boca. Eu já pedi para calar a boca. Eu estou falando, entendeu? Eu não queria que chegássemos aqui, não foi escolha minha. Definitivamente não foi minha. Foi você quem quis assim. Sei que ninguém acredita porque você tem essa carinha de anjo, mas nós sabemos como foi que terminamos aqui, assim.

Não vem falar agora que meu amor é doentio, que preciso de tratamento. Você adorava esse meu jeito possessivo no começo. Você se lembra? Cala a boca. Eu estou falando. Você adorava me provocar fazendo ciúme. Você flertava com outros homens só para me provocar. Rá! Você achava fofo, você não se lembra? Fofo quando eu ficava vermelho de ódio, fofo quando eu partia para cima dos homens que davam em cima de você. Fofo quando eu te pegava mais forte. Acho fofo quando ele dá ataques de ciúme e diz que se não for para ser sua não serei de mais ninguém. Não era isso que você dizia para suas amigas? Ele tem aquele jeito dele, mas ele não faz nada não. É assim que ele diz que me ama, se explicava para sua família.

Eu não era fofo? Eu não era? Então por que agora está com medo e dizendo que eu preciso de tratamento?

Meu tratamento é você. Minha cura é você. E a causa disso tudo é você.  Ou acha mesmo que eu queria que chegássemos a esse ponto? Cala a boca. Pare de chorar. Eu estou falando. Por mim ainda seriamos um casal feliz. Um casal fofo. O ciumento e a idiota que provocava o ciúme. A gente estamparia comercial. Faríamos par romântico em novela. A culpa não é minha se vamos estampar as páginas de um jornal de quinta agora. A culpa é sua por termos chegado a esse ponto.

Você está satisfeita? Está? Pois deveria. Sei o que todos vão dizer. Que eu era doente. E que precisava de tratamento. Mas nós dois sabemos que a doente nesse caso é você, que me achava fofo. Que gostava e inflamava meu amor doente. Você quem acendeu o fósforo dessa dinamite. Cale essa boca. Seca esse seu choro inútil. Foi você quem quis assim. Foi você que pôs esse meu dedo no gatilho.

Eu te amo.

E é por isso –e meu jeito fofo que você adorava –que se você não for minha não será de mais ninguém.

Cale a boca! Ou melhor, deixa que eu mesmo faça isso. Calar essa sua boca. Para sempre.

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