quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Nosso Amor Acabou




Acabou e a gente sabe. A gente também finge não ver porque essa realidade é dura demais. Ontem éramos tudo na vida um do outro, hoje somos apenas companheiros com quem dividimos as contas e temos de dar satisfações. Dividimos a cama como se fosse um sacrifício. Nosso amor virou rotina, perdeu o efeito, esqueceu seu encanto. Da noite para o dia. Ou do dia para noite. Nunca saberemos.

O café esfriou. As flores morreram. E sem que eu ou você percebêssemos, nosso amor acabou. Feito água de chuva que evapora no calor. Só que diferente da água, nosso amor não vai chover de novo. A gente fica aqui, sentado um do lado do outro, esperando que chova. Mas estamos num deserto de almas solitárias. E em desertos não chove. Nunca. Porque o calor é demais e seca a água antes dela chegar onde nos encontramos.

Eu fico aqui e finjo que seu silêncio não me incomoda. Faço seu prato preferido do almoço só para nos enganar que ainda te conheço. Você gradece sem dizer que na verdade está enjoado dessa comida e quer provar novos sabores. Novos sabores. O arroz e feijão de cada dia não nos agrada mais. Queremos um prato exótico, uma carne de rã, qualquer coisa assim. Mas não nos movemos.

Enjoados, ficamos. Tomamos um remédio para o embrulho que o não nos mover anda causando e sorrimos um ao outro, como se não víssemos que nosso tempo se foi, o para sempre chegou ao fim e nosso amor acabou.

Acabou; como se acaba o pó de café, a água da garrafa, o gás no meio do domingo. Sem que víssemos. Sem que quiséssemos. Sem que precisássemos de uma briga, de uma traição, de culpados para o fim. Alguém colocou o ponto final enquanto fazíamos planos para o futuro. Um narrador maluco que se mete nas historias dos outros sem permissão e faz o que bem entende sem avisar.

Nosso tudo virou rotina, nossos silêncios viraram agoniantes, nossas conversas se transformaram em monólogos. Nossos carinhos viraram bom dia. Nosso tesão ao “passa o açúcar” na mesa do café.  E o nosso amor simplesmente –tão simples que somos incapazes de explicar e ir embora –acabou.

Como se acaba um final de semana perfeito na praia. Sem que quiséssemos voltar para casa, sem que sequer víssemos o tempo passar. Não adianta reclamar ou ficar aqui esperando que tudo volte ao normal. Porque nosso amor acabou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Compartilhe