sábado, 27 de outubro de 2012

Menina Feliz





Ela sorria e sorria. Sem nenhum pudor da felicidade que tinha, sorria. Distribuía sorrisos sem esperar que lhe sorrissem de volta. Sorria, feito  menina travessa nos braços dele, que tentava a todo custo prendê-la, mas acabava sendo levado pelos giros e rodopios que os movimentos dela causavam em sua vida. E aí ela sorria. Enquanto ele tentava de todo jeito colocar um pouco de responsabilidade na menina que tinha nas mãos.

Ela não dava a mínima. Só sorria. Sorriso que não dava a mais ninguém, seu mais belo sorriso. E rodopiava nos braços dele. Sorria. Feito menina travessa, de rodopios de bailarina, de sorrisos felizes. Foi assim que ela o conquistou, sorrindo e rodando. Rodando e o hipnotizando. Hipnotizando e o seduzindo. Seduzindo e o puxando para dentro daquele redemoinho que só ela causava em sua vida. E sorria, só para começar o ciclo em volta dele outra vez.

Ele, que de tão sério chegava a ser cômico, dizia que ela não era para ele. É travessa demais. Bailarina demais. Bonita demais. Sorridente demais. Menina demais. Mas ela só sorria, sem discutir. E com seu jeitinho de menina, de tantos sorrisos, o dobrava sem que nem ele percebesse. E sorria. Nas pontas dos pés, para lá, para cá, pendurada em seu pescoço, com sorriso de quem tinha a certeza de que o tinha nas mãos.

E tinha. As mãos que antes seguravam cigarros agora tentavam mantê-la em seu mundo. Mundo que, com os sorrisos dela, estava de ponta cabeça, do avesso, sem nenhum sentido, e ainda assim com rimas e irresistível.  E aí ela sorria. Sorria um sorriso que virou o vício dele. Rodava uma música que virou o ritmo dele. E pendurava-se em seu pescoço, feito menina de passos de bailarina e sorrisos de mulher, sem nenhum medo de cair.  Menina feliz que, de tão feliz, o fazia feliz também.

Ele tentava prendê-la. Queria seu corpo no corpo dele. Sua pele macia na sua pele grossa. Seu cheiro de manhã de Natal na essência grotesca dele. Mas ela é livre e feliz. Livre como bailarina. E feliz como menina. De rodopios em rodopios, sorria nos braços dele.

E aí ele também sorria. Só para nunca mais parar de rodar no mundo  de giros e felicidade que tinha ao lado dela e só com ela. E sorriam.

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