Ela sorria e sorria. Sem nenhum pudor da felicidade que
tinha, sorria. Distribuía sorrisos sem esperar que lhe sorrissem de volta.
Sorria, feito menina travessa nos braços
dele, que tentava a todo custo prendê-la, mas acabava sendo levado pelos giros
e rodopios que os movimentos dela causavam em sua vida. E aí ela sorria. Enquanto
ele tentava de todo jeito colocar um pouco de responsabilidade na menina que
tinha nas mãos.
Ela não dava a mínima. Só sorria. Sorriso que não dava a
mais ninguém, seu mais belo sorriso. E rodopiava nos braços dele. Sorria. Feito
menina travessa, de rodopios de bailarina, de sorrisos felizes. Foi assim que
ela o conquistou, sorrindo e rodando. Rodando e o hipnotizando. Hipnotizando e
o seduzindo. Seduzindo e o puxando para dentro daquele redemoinho que só ela causava
em sua vida. E sorria, só para começar o ciclo em volta dele outra vez.
Ele, que de tão sério chegava a ser cômico, dizia que ela não
era para ele. É travessa demais. Bailarina demais. Bonita demais. Sorridente
demais. Menina demais. Mas ela só sorria, sem discutir. E com seu jeitinho de
menina, de tantos sorrisos, o dobrava sem que nem ele percebesse. E sorria. Nas
pontas dos pés, para lá, para cá, pendurada em seu pescoço, com sorriso de quem
tinha a certeza de que o tinha nas mãos.
E tinha. As mãos que antes seguravam cigarros agora tentavam mantê-la
em seu mundo. Mundo que, com os sorrisos dela, estava de ponta cabeça, do avesso,
sem nenhum sentido, e ainda assim com rimas e irresistível. E aí ela sorria. Sorria um sorriso que virou
o vício dele. Rodava uma música que virou o ritmo dele. E pendurava-se em seu
pescoço, feito menina de passos de bailarina e sorrisos de mulher, sem nenhum
medo de cair. Menina feliz que, de tão
feliz, o fazia feliz também.
Ele tentava prendê-la. Queria seu corpo no corpo dele. Sua
pele macia na sua pele grossa. Seu cheiro de manhã de Natal na essência
grotesca dele. Mas ela é livre e feliz. Livre como bailarina. E feliz como
menina. De rodopios em rodopios, sorria nos braços dele.
E aí ele também sorria. Só para nunca mais parar de rodar no
mundo de giros e felicidade que tinha
ao lado dela e só com ela. E sorriam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comentários