quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Tchau; Tô Indo Embora



Tchau. Tô indo embora. Tô indo atrás de meus sonhos, você pode ficar aí gastando seu tempo ao invés de cuidar do seu futuro. Tô cansada dos seus olhares de descrença, desse seu sorriso cínico quando falo de meus planos, sem dar nem um pingo de força, sem acreditar nem um pouquinho em mim. Tô indo embora porque não quero perder meu tempo como você, porque não sou simplista como você. Não, meu bem, a vida é bem mais do que isso que você acha que é. E já percebi que não adianta ficar aqui e tentar te mudar.

Olha que tentei. Você sabe que sim. Feito uma mãe que tenta ensinar um filho a andar. Primeiro o equilíbrio, meu bem, você precisa ficar em pé sem pender para lado nenhum. Aí você para de se apoiar nos móveis, nas pessoas, e passa a comandar seus próprios passos. Segurei sua mão e pacientemente ensinei. Tentei. Mas chega. Tá na hora de você dar seus passos sozinhos. Você não é meu filho. Eu não sou sua mãe. Tô soltando sua mão. Tô indo embora.

Tchau.

Fica aí com essas cervejas. Com essa sua barriga cada vez maior. Com essa sua entrada na cabeça cada vez maior –tá ficando careca, careca e velho, e você continua aí, no mesmo lugar,  enquanto o mundo lá fora gira, roda, não para. Não quero mais brigar, não quero mais tentar te mudar. Cansei. Você não acredita nos meus sonhos e eu não acredito mais na gente. Acabou. É isso. Sem briga, sem rancor. Incompatibilidade de futuros. Acabei de inventar, mas é isso mesmo que aconteceu. Você quer ficar aqui, enquanto eu desejo estar lá –seja lá onde esse lá fica, eu vou chegar.

Te mando um cartão postal por onde passar. Umas fotos também. Suécia. Rússia. Iraque. Índia. Espanha. México. Chile. Estados Unidos não, você sabe que não. Se quiser, escrevo uns e-mails, mando umas cartas, umas lembrancinhas. A gente pode ser amigo. Foi esse seu jeito despreocupado que me encantou. Eu ainda gosto dele, ainda gosto de você. Só que não para ficar ao meu lado, só que não para sonhar comigo. Porque você não sonha, você vive numa realidade tão cruel e doentia que é incapaz de se mover desse sofá.

Eu não. Eu sou mais do que isso. Quero mais do que isso. Tá tudo bem. Sem escândalos. Prometo que te dou notícias, meu bem, mas agora tchau. Seja feliz nesse caminho que escolheu. Eu tô indo buscar minha felicidade. Eu tô indo atrás dos meus sonhos –os mesmos que você nunca botou fé. Tchau. Um beijo. Eu te amo. Mas tenho que ir embora.

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