Gosto de pensar que fui racional. Decidi que já era hora de me apaixonar. Eu estava pronta para aquilo e tive o cuidado de escolher o candidato mais indicado. O mais bonito, segundo a lógica contestável dos meus catorze anos. E assim foi.
Próximo passo: a aproximação. Que não foi tão difícil levando em consideração o reduzido espaço da sala de aula em que convivíamos. Foi só questão de fingir que me esqueci de um livro e pedir para acompanhar junto com o dele. Parecia fácil.
- Então quer dizer que a garota responsável também se esquece das coisas?
Sim, mas não do livro. Da fala. E na falta dela o que me restou a fazer foi rir. Ele era bem bonito mesmo, percebi. Só que não era por isso que eu tinha escolhido o garoto certo.
Assistimos à aula lado a lado trocando alguns comentários engraçados sobre ela de vez em quando. O professor não achou graça. Mas eu sim. A partir daí nada mais foi racional, eu não estava mais pensando.
Foi uma aproximação instantânea, não nos separamos mais. Navegávamos entre as barreiras da amizade e um pouco mais que isso. Em nossa divisão passou a ir além dos livros didáticos. Piadas, pirulitos e respostas de provas passaram a fazer parte dessa equação. Onde de sete à uma da tarde vivíamos numa felicidade memorável, que poderia facilmente virar história um dia.
E como toda boa história, um dia ela acabou. Foi no fim desse mesmo ano, quando geralmente alguns alunos, ou melhor, seus pais, criam a ideia inconveniente de mudar de escola. Ele mudou. Eu fiquei.
Em nosso último dia de aula juntos eu não estava pronta para aquilo e não tive o cuidado de fingir ser forte. Com um abraço um pouco precipitado e muito forte nos despedimos para nunca mais nos encontrar.
Depois dele, me apaixonar nunca mais foi uma decisão. Ele foi o primeiro de muitos e também o melhor de todos.

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adorei o texto. corre atrás dele :) (e conta a historia pra gente)
ResponderExcluirLindo *o*
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