A minha vida toda eu procurei por isto: os olhos que não se
desgrudam, que se procuram o tempo todo numa necessidade inexplicável, quase
como se nós procurássemos pelo ar. A pele que se arrepia com um simples toque,
por mais leve que seja. O compasso que dispararia meu coração com um simples
sorriso. A falta que me doeria no peito pelo tempo sem se ver. As borboletas no
estômago voando incontroláveis. O fluxo sanguíneo acelerado. A respiração descontrolada quando ele chega
perto. E a vontade de me agarrar a ele
quando um de nós precisar ir.
A minha vida toda eu procurei por alguém que ouvisse meus
problemas, que não risse dos meus dilemas, que compreendesse meus limites. E
que, principalmente, não os forçasse. Alguém que me segurasse sem realmente me prender.
E que me soltasse sem me deixar ir, andando na linha ténue entre me abraçar e me
sufocar. Alguém que não quisesse me mudar, mas que mesmo assim batesse o pé
frente aos meus defeitos. Que tivesse a audácia de cruzar o muro que criei e
segurasse minha mão para me tirar dali.
Eu nunca quis a metade da minha laranja ou a tampa da minha
panela. Sou inteira e sempre achei idiota essa história de completar. Eu sempre
quis alguém que fosse capaz de me acrescentar. A palavra é exatamente essa. Sem
destruir o que sou, mas somar comigo: sonhos, objetivos, conquistas. Alguém que
não anulasse o que sou. Que fosse apaixonado até pelos meus defeitos. E que não
tivesse o menor medo de declarar-se, para mim e para o mundo, um eterno
apaixonado.
Não procurei um príncipe num cavalo branco. Nem mesmo um
sapo. Nada de contos de fadas ou histórias da carochinha. Eu procurava alguém que
estivesse disposto a viver um romance real, com brigas reais e problemas reais.
Alguém que estivesse disposto a se entregar, de corpo, de alma, de coração, a
essa relação, fazendo o impossível para dar certo. Alguém sem medo da altura e
que saltasse sem olhar para baixo. Alguém que não desistisse no primeiro obstáculo, mas que ficasse,
sem medo, e enfrentasse, independente das feridas que pudessem abrir.
Alguém com defeitos e qualidades, apaixonantes e
insuportáveis. Que me tirasse do sério e que ainda assim não me fizesse cansar
e ir embora. Que não desistisse de mim, mesmo quando eu mesma quisesse
desistir. Que não só secasse minhas lágrimas, mas que me desse sorrisos. É
isso: a vida toda eu, racional como eu sou, procurei uma razão para o meu
coração se entregar a alguém.
A vida toda eu procurei, sem saber, por você.
E encontrei.
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