sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sobre Caio, Conselhos e Cafés




Eu fugi da loucura de Clarice para cair nos seus braços, ainda que estar nos seus braços não me traga segurança alguma. Caio, você tem que parar com essa mania de me despir assim, em público, sem nenhum pudor. Não tô falando das minhas roupas não, tô falando de uma nudez mais descarada, mais vergonhosa, mais desesperadora: a da minha alma. Você me lê como ninguém nunca leu, seu Caio, e nunca precisou sequer me conhecer para isso.

Você roubou minha alma muito antes que eu tenha nascido e deve estar muito feliz aonde quer que esteja fazendo mais algum de seus trocadilhos sensacionais e infames. Dá aquele sorriso e  outra gargalhada gostosa, não é? Quando percebe que cativou mais um coração com suas palavras, seus contos sem vírgulas, suas revoltas sem pausas. Não é amor não, seu Caio, o que sinto por você. Não foi tu mesmo que disse que amor é meio paranoico? Então. Deixa as nóias e as neuras para lá; você me arrancou todo meu pudor com suas verdades doídas, agora aguenta.

Aguenta firme as pontas duras como você mesmo ensinou. Tá, ok, tirando o fato de você ler todas as minhas profundezas obscuras sem nem precisar mergulhar, você me ensinou muita coisa. Dor de amor dói, mas passa. Não adianta sofrer, desesperar, eu sei, que desespero não resolve problema algum. Que se for para ser, vai ser. Que se for seu volta –e volta mais maduras, eu sei. –Mas como é que faz isso, seu Caio, como é que segue todos esses conselhos valiosos que você deixou para gente como tesouro de fim de arco-íris?

Diz aí, Caio, você criou o problema agora precisa me dar a solução. Devolve minhas roupas que eu ando cansada de ficar nua toda vez que tenho que te ler. Sei que você tinha muito mais a dizer do que teve tempo e tudo bem, eu sempre soube que é isso que acontecem com os melhores: não lhe sobram tempo para dizer tudo o que tem para nos ensinar. Clarice fala do que sinto, Martha até consegue explicar quem sou, mas você, seu Caio, com seus trocadilhos e sua risada sincera, você me deixa nua sem nenhum pudor. Deixou um monte de conselho, um monte de estrada, e agora não sei qual caminho seguir.

E agora, Caio? Onde está a solução? Como chegar ao seu pote de ouro?

Ok, tudo bem, sem pânico... Você deve ter deixado isso em algum lugar, nas entrelinhas, pra quem conseguir ler além das palavras e tocar sua alma. Eu acho que toquei, seu Caio, será? Quase posso te ouvir dizer: respire fundo, menina. Enfrente ou em frente. E sem desespero, pequena, que desespero não resolve problema. Se der vontade de chutar o balde, senta e toma um café...

Afinal...

Pra que tanto desespero?

Não sabe ainda que o mundo já acabou faz tempo, bem antes de você nascer?

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