Ando por aí querendo te encontrar e talvez por isso tenha me
perdido de mim todo esse tempo. E me perdido em braços fortes e camas
desconhecidas, em paixões avassaladoras , aventuras inesquecíveis, tequilas
para te tirar da memória e agora alguém para me dar bom-dia-na-testa pela manhã
para me lembrar que não preciso de você. Nunca precisei. E, ainda assim, tirar você
de mim é quase impossível. Você ficou gravado em minha pele, cravado em minha
alma, e eu nem precisei tatuar seu nome em meu corpo. Você se tatuou inteiro e
por conta própria. E agora sobrou para eu
ter que arrancar cada pedaço seu e do amor inflamado que deixou aqui. E quanto
mais eu tento mais eu me firo. E quanto mais me firo mais te odeio. E quanto
mais te odeio mais eu me lembro do tanto que um dia eu te amei.
Hoje a gente estaria fazendo aniversário. Não sei se você se
lembra, mas eu jamais conseguiria me esquecer. Me lembro do seu sorriso, do seu
beijo, dos sussurros só meus e das vezes que disse que me amava. Lembro-me dos
berros dizendo que me odiava. Lembro-me de você e lembro daquele amor doentio
que só você arrancou de mim. Você que despertou meu melhor e meu pior, então não
suportou minha parte vilã, não se bastou com minha parte mocinha e foi procurar
o final feliz nos braços de uma figurante, contrariando a história toda e
abandonando a protagonista. Não te culpo nem te desculpo. Entendo. Nosso amor
sempre foi errado. E eu sempre soube. Mas era um errado tão bom que tudo o que
mais quis foi que tivesse dado certo. Não demos.
E não pense que te escrevo tudo isso, depois de tanto tempo,
para te acusar de mais alguma coisa. Bateu saudade, só isso. E acabei
tropeçando com você aqui, guardado numa caixinha perdida no meu coração. E
enquanto estanco a ferida aberta e inflamada que deixou aqui, penso se algum
dia vou conseguir me curar de você. Se tenho tomado as doses certas, de oito em
oito horas, de 250 mg, de sumiço, desapego, indiferença e tentativas de novos
romances para amenizar sua falta como o médico mandou. A vida é feita de
escolha e ao escolher você eu me tornei
o que sou hoje: amarga, descrente, e perdida em mim mesmo tentando te
encontrar.
Quem sabe na próxima esquina a gente tropece e você entenda
ao me olhar que, apesar de imperfeita, sempre fui o que você procurou. Quem sabe
eu não te arranque essa raiva do mundo que nossa história te causou. Quem sabe você
não me arranque a menina apaixonada por Peter Pan e Contos de Fadas que
enterrei para superar você. Quem sabe ali, debaixo daquele prédio, a gente se
dê conta de que o amor é sempre o bastante. E de tão errado a gente possa dar
certo. A gente abre um parênteses e inventa um novo final. Dessa vez feliz. Sem
bruxas, sem mocinhas, sem figurantes que consiga te roubar de mim. Quem sabe
depois de tantos anos, amores errados e tentativas frustradas, a gente não se
esbarra e consiga sorrir. E de tanto se perder a gente não se encontra de vez,
eu em você, você em mim, nós dentro um do outro ocupando um mesmo coração.
Só escrevo para dizer que entre tantos caminhos tortos que
entrei tentando me perder e esperando te encontrar, hoje, no nosso aniversário, me encontrei pensando que
no meio de tanto barulho que a gente fez, você escolheu ser silêncio. E entre
tudo e o nada que fomos, no nosso aniversário juntos, você se fez apenas
saudade.
Ainda não achei a palavra pra esse texto, que mexeu com minhas estruturas aqui.
ResponderExcluirNão é segredo nenhum o quanto amo o que tu escreve né? hahaha
Tá tão lindo! <3
Você me surpreende a cada texto que leio daqui. Você esbanja talento, Fernanda. Estou completamente encantado por esse texto, afinal, impossível não se identificar com ele! ''E acabei tropeçando com você aqui, guardado numa caixinha perdida no meu coração.'' Amei <3
ResponderExcluirClap Clap Clap!!! AyA eternos, obrigada pelo texto Nanda...lindo demais ♥
ResponderExcluirNosso amor sempre foi errado. E eu sempre soube. Mas era um errado tão bom que tudo o que mais quis foi que tivesse dado certo. Não demos. // Definitivamente, esse texto é daqueles que você termina de ler e fica pensando: é, ele descreveu uma parte da minha história com aquela pessoa. <3333
ResponderExcluir