Você se lembra daquela vez que eu fiquei te olhando em
silêncio por muito mais tempo que o normal? Talvez você não se lembre e a culpa
não é sua. Não foi um dia realmente especial. Era para ter sido. A gente só
estava ali, sozinhos, vendo um filme, e, então, eu me distraí olhando você –a sua
cicatriz na sobrancelha, seu sorriso branco e esses seus olhos escuros
escondido atrás do óculos –Fiquei ali te encarando, me deixando transbordar por
um sentimento que eu nunca tive a intenção de sentir, em silêncio. Você me perguntou
o que havia acontecido –tem alguma coisa no meu rosto, pipoca no meu dente, tô
mais feio que o normal? –e eu disse que não havia acontecido nada. Querendo
dizer que, na verdade, havia acontecido tudo. Sem que eu percebesse.
Me apaixonei sem perceber, lentamente, talvez no intervalo
de sua entrega e de suas mil fugas quando percebe que está bem próximo de se
apaixonar também. Pode ter sido durante aquele jantar que tivemos, ou durante aquela
noite que dividimos em sua cama, embora tenha sido mais provável que eu tenha
me apaixonado, masoquista que sou, quando você pediu um tempo para pensar
porque não estava pronto. Quis gritar, te esmurrar, arrancar sua pele como você
arrancou meu coração. Quis dizer que ninguém está pronto –e que quem espera
ficar pronto nunca conseguiria realmente viver a vida –Mas calei, como estava
acostumada a fazer, e te deixei sair pela porta, por minha vida e de mim sem
olhar para trás, sem secar as lágrimas que não consegui segurar –nem na sua
frente, nem para o reflexo do meu espelho.
Me apaixonei por seu sorriso, por sua voz, por seus beijos,
por esse seu coração de menino. Me apaixonei pelos seus erros, suas desculpas,
seus medos e seus defeitos. Pelas palavras, pelos silêncios. Pelo modo como
sorri quando acha que sou idiota e como fica sério quando eu te surpreendo de
algum jeito. Me apaixonei por suas discussões sem sentido durante a madrugada,
sempre pronto a me testar uma outra vez para ver se sou a mulher certa. Me
apaixonei por você –mesmo com suas esquivas, por causa de toda a sua entrega.
Quis dizer naquele dia, e em muitos outros, que eu te amava.
Quis dizer que te amaria de qualquer jeito, o que quer que você fizesse, quando
você bateu de volta na minha casa e pediu uma outra chance mesmo que sabíamos
que você não merecia. Quis dizer que eu ainda te amo, mesmo você tendo saído
de novo da minha vida, me deixando sozinha pra limpar toda sua bagunça. Mas eu
sabia que não estava pronto para ouvir, embora eu também não estivesse pronta
para sentir –e senti –E por medo de te perder, ainda que você nunca tenha sido
de todo meu, eu te amei entre parênteses. Mas sentimentos entre parênteses não viram
histórias. E nós viramos uma eterna reticências...
Serei muito repetitiva se disser que tá lindo e que eu definitivamente amo teus textos?
ResponderExcluirJá sou fã deles, né? :)
Forma linda de escrever. <3
AF <333333333333333333333333
ExcluirEu amo muito como você escreve. Sabe, parece que a gente realmente também consegue sentir o que você passa.
ResponderExcluirhttp://doisquintos.blogspot.com.br/
Ai, que linda você
ExcluirA ideia é realmente vocês sentirem <333333333333
Lindo texto! É sempre muito confuso quando sentimos alguma coisa pra qual ainda não estamos completamente prontos, isso sempre me aterroriza.
ResponderExcluirhttp://almostthemoon.blogspot.com.br/