Sabe o que falta pra minha felicidade ficar completa? Falta
você. Falta você e suas mensagens bobas durante o dia, você e o saber que
estava aí, mesmo há quilômetros de distância, porque te carregava aqui, dentro
de mim. Falta você pra fazer as piadas mais toscas e você pra falar sério de
vez em quando. Falta você e sua voz de mãe, e seu colo de mãe, e seu coração de
mãe. Falta você aqui, a amiga que prometeu nunca ir embora e que mesmo assim, sem motivo,
foi. Falta você, sabe? Pra sorrir comigo as coisas que venho conquistando –e não
falo só de um certo coração como também de uma certa paz de espírito que, olha,
sempre sonhei em alcançar mesmo nunca acreditando. Falta você compartilhando
comigo as pequenas coisas ridículas que me fazem dar meus sorrisos bobos e
suspirar pelos cantos. Coisas que eu acho que você até acharia retardadas e que
mesmo assim me vem enchendo de um amor sublime que nunca acreditei que iria
sentir. Falta você, também, mostrando que nem tudo é cor de rosa, tentando me
manter com os pés no chão e não com a cabeça nas nuvens que eu venho deixando
por tempo de mais. Falta você e suas verdades doídas, e seus tapas na cara em
forma de conselhos, e sua sinceridade sem limite que nunca encontrarei em mais
ninguém. Falta você.
Prometi que não derramaria lágrimas por você. Adiei essa
carta como quem adia a ida a um médico pra ver se aquela dor estranha que
apareceu do dia pra noite é mesmo algo sério. Medo. Revolta. Desespero.
Protelando um fim que, eu acho, era inevitável. Você sabe o que eu penso de
fins, não é? Você sabe que é por isso que exagero tanto nas vírgulas. Não há
nada que me doa mais do que colocar um ponto final de uma história –e olha, eu
já escrevi tantas e cada final me dói como a primeira. Você sabe que quando eu
escrevo é pra finalizar. Então, adiei falar de você, do que você deixou na sua
partida repentina e da falta que tem me feito em todos esses dias porque não
queria chegar nesse ponto, esse mesmo, que você me obrigou a chegar ao
simplesmente sair da minha vida sem olhar pra trás, sem trancar a porta pra me
deixar em segurança. Sem choros. Sem lágrimas. Sem vela. E sem culpa. Aprendi,
depois de tantas despedidas, a não culpar quem vai, mas agradecer pelo que me
fez crescer, pelo bem que deixou, pelo tempo que me iluminou. Não que não doa –e
dói; não que eu me sinta culpada –e me culpo; não que eu tenha tentado
esclarecer as coisas só pra colocar um ponto e vírgula no lugar desse ponto sem
graça que não vou poder evitar –e tentei. Você sabe disso tudo. Ainda me conhece
como ninguém. Eu bem sei.
Então, não choro. E toda essa carta não é pra te jogar na
cara o que você fez, como você fez, como você me deixou, como não trancou a
porta. É só pra dizer que, tudo bem, aceito: vai embora. É como aquela música
que eu tanto amo: "fico aqui com um bom livro ou com a tv. Sei que existe alguma
coisa incomodando você." Não é? Deve ter tido algo. Algo que eu não vi porque você
não quis me contar. Mas saiba que continuo aqui. Isso mesmo: bem aqui onde você
deixou. Lendo aquele bom livro, procurando um bom canal na tv, torcendo pra que
você não encontre com muitos buracos na estrada e que eles não te engulam. Que você
encontre alguém que possa te estender a mão de vez em quando, te mandar
mensagens bobas pra ver se você sorri mesmo carregando o mundo, colorir esse
seu coração meio machucado que você nunca nem se permitiu cicatrizar. Alguém um
pouco melhor que eu, que não te deixe simplesmente escapar pelas mãos como quem
não consegue segurar um pouco de água para matar a própria sede. Vai. Não quero
manchar tudo o que vivemos com brigas desnecessárias ou ofensas trocadas –sabemos
ser más quando queremos e não quero isso de você.
Quero te guardar aqui dentro,
no meu coração de menina, como sempre disse que guardaria caso você resolvesse
partir. Quero poder sorrir quando me lembrar de algo que me faça pensar em você.
Quero escrever um pouco pra você também, sem que isso me dilacere por dentro,
sem que eu precise segurar as lágrimas. E quero poder chorar sem dor. Porque deve
haver um jeito, um modo, que talvez eu descubra com mais uma partida. Não quero
me partir inteira como da última vez –não vai ter você aqui pra me colar. E
talvez por isso simplesmente fiquei muda e te deixei ir. Talvez um dia a gente
se reencontre. A vida é assim mesmo não é? Juntando, separando, desfazendo e
fazendo-se de um quebra-cabeça de partidas e chegadas que a gente nunca entende
até se encontrar de novo. Lá na frente, quem sabe, eu consiga a explicação que
tanto te pedi. Que você tanto recusou. Mas saiba: continuo aqui. E se você precisar, tem meu número,
não tem? Tem meu e-mail, tem meu whatsapp, e nem mesmo te excluí de nenhum
perfil social. Tem meu coração também. Ele sempre será sua casa se você um dia
precisar de um lar. E se você voltar, quando voltar, a chave tá ali onde eu
sempre deixei. Entra e não faz barulho, não repara na bagunça que deixou, nem
no caos que eu me transformei. Não repara em nada não. Só entre, sem precisar
bater –eu já apanhei demais de você –E peça um café. Te preparo com o maior
gosto. Te preparo a minha vida de novo, se você quiser, se você voltar.
Enquanto isso, vai. Mas vai sabendo que não tem me faltado
nada aqui não: achei uns amigos pra me aguentar, achei alguém pra me ouvir
falar sobre coisas que nunca achei que sentiria, achei um bom colo pra deitar
e, nem te conto, um abraço que faz tudo valer a pena depois de um dia ruim.
Logo eu, você sabe, aquela que odeia abraços. Não me falta carinho, amor,
aquele meu café do qual não abro mão e um fim de tarde que sempre parei pra
ver. Não falta amigos, nem amores, nem textos, nem inspiração, nem sorrisos,
nem conquistas, nem derrotas, nem dias bons, nem dias ruins. Tenho achado de
tudo um pouco. Não me falta lágrimas também se eu resolver chorar por você. Tá
tudo bem. Eu tô inteira, tô feliz, tô
quase completa. Mas pra minha felicidade chegar ao limite só queria que você soubesse
que falta apenas uma coisa que eu achei que nunca me faltaria: você.
lindo, lindo, lindo!!! não tem nem como selecionar um trecho, pois todo ele é perfeito! parabéns, nanda e continue escrevendo!
ResponderExcluir<333333333 obrigaaaaada mesmo
ExcluirOi Fernanda, acabei de conhecer o seu blog pelas andanças pela net e, menina, estou encantada! Identifiquei uma parte, uma fase, uma época de mim... nos seus textos. Época em que eu também, pegava uma caneca de café, sentada e colocava a alma no punho, mas não tenho tanta coragem como você, meus textos foram impublicáveis rsrs. Ainda hoje, alguns anos depois, o costume da caneca de café permanece e eu escrevo algumas coisas, faço minhas reflexões...
ResponderExcluirBom, to falando pra caramba (pra variar rs), mas vim escrever para dar os parabéns!! Seu blog é um encanto e nesses pouquinhos minutos eu já me interessei pelo livro.
Espero que não se incomode, mas te "linkei" no meu blog para que eu possa ler com mais frequência.
Ah, fiz meu blog essa semana, por enquanto só umas amigas minhas leem, e a proposta é compartilhar minhas experiências de vida, se quiser, fique a vontade pra conhecer! ;)
Beijinhos
Morri tanto com seu comentário que simplesmente não sei como responder????????????
Excluirobrigada mesmo, de coração
não sabe como é bom ler isso <3333
;)
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