quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Carta A Meu Futuro Você



Gosto de sorrisos largos e olhares sinceros. Não estou preocupada no seu corpo e quantas horas passa na academia. Tanto faz. Me interessa saber quantos livros você leu nesse ano e se é capaz de manter uma conversa interessante por mais de meia hora sem olhar para os meus peitos ou me beijar quando não souber a resposta. Quero um homem que seja capaz de fazer uma autocritica e não um menino que aposta na turma quantas garotas pega na balada de sábado.

Não gosto de cafajeste. Não fui criada para ser mal tratada nem para sofrer, trata-me com carinho. Quero palavras ao pé do ouvido e toques aveludados. Não vou disputar você com sua ex namorada, sua mãe ciumenta ou sua prima neurótica. Mas se decidir vir, venha pra ser todo meu. Metades e restos não me bastam. Prefiro um educado que se cala quanto não tem nada de bom a dizer a um bonito que arranca suspiros, mas não sabe fechar a boca. A sabedoria está no silêncio e não em quantas vezes você arrota em publico.

Gosto de um bom perfume e do cabelo desarrumado. Você pode deixar a barba por fazer, se isto não te deixar com cara de ontem. Tudo bem você preferir ir ao futebol do que numa festa de bodas de ouro de alguém da minha família. Mas leve-me junto. Não quero roubar sua turma, espero que minha paixão pelo esporte não te assuste. Sei que muitos se sentem ameaçados quando a mulher entende mais do que o que é linha de impedimento e eu não quero te amedrontar.

Não quero flores de aniversário, elas morrem. Não curto presentes pré-definidos lembrados pela agenda de celular. Surpreenda-me numa manha de segunda-feira com um bilhete escrito a próprio punho. Vai valer mais para mim do que uma reserva num restaurante chique num dia disputado como o dia dos namorados.

Respeite-me. Não espere que eu pense como você, troque receitas de bolo com sua mãe  ou vire melhor amiga de sua irmã. Não queria que eu vá para a sua igreja, nem me rotule como a mulher de sua vida. Ao invés disso, segure minha mão quando estiver com sua turma de futebol e não fique nervoso ao demonstrar em público que sou importante para você temendo a reação de seus amigos machos.

Não me force a ser a dona de casa ideal. Nem espere que eu cozinhe para você. Todo relacionamento tem um limite e este é o meu. Eu falo muito, é verdade, mas você não tem o direito de me mandar calar a boca. Quando eu ficar em silêncio, fique também. Aceite minha necessidade de solidão e meu vício de escrever, sem criticar que ás vezes pareço autista e não te convido a entrar em meu mundo particular. Não espere que vá chegar na minha vida e assumir total controle. Preciso de espaço, porque sou livre. E, se me prender, eu morro.

Não desligue o telefone na minha cara, porque não vou ligar de volta. Sou orgulhosa e até sei perdoar, mas não consigo esquecer. Quando eu estiver falando, escute, não dispute comigo quem fala mais alto. Tenho tom de voz elevado, é bem provável que você perca. Não tenha medo de dizer que  eu estou errada, caso eu estiver, mas não aponte o dedo na minha cara e me julgue como se fosse um deus. Grite, brigue, perca a compostura e a razão. Não quero um namoro perfeitinho. Diga que vai embora e bata a porta de vez em quando, para me lembrar de como é importante para mim.

Depois, chega de mansinho e me acalente o sono, arrisque-se a dizer que foi um estúpido, mesmo quando a estúpida tenha sido eu, e seque minhas lágrimas. Vai valer mais esse gesto do que todas que me fez derramar. Não quero você dormindo no sofá ou na rua, a cama fica fria demais quando estou sozinha. Não me sufoque, mas não me deixe. Sei que sou difícil, ás vezes, mas insista, persista. Você tem todo o direito de detestar meus defeitos, mas não me abandone. Posso ser sua maior recompensa, se você não desistir.

Ajude-me a superar meus medos, a descobrir meus anseios, a abandonar minha carência. Não quero um amor de novela. Chega bem devagarzinho para domar essa fera. Ama-me baixinho e não permita que nossa felicidade incomode os vizinhos. A inveja tem sono leve e ouvidos apurados. Dê-me sua mão e segure bem forte, me ajude a confiar em você, enquanto pulamos esse precipício de sentimentos. Não solte, nem se eu pedir. Morro de medo de altura e tenho mais medo ainda de não ser amada.

Não quero ser sua metade, porque sou inteira. Para quando você chegar, mande-me fechar os olhos e prove que posso confiar em você. E quando eu dormir, cante bem baixinho que não sabe viver sem mim...

Ensina-me a precisar de você, sem que isso me faça ser sua dependente. Fique comigo mesmo quando eu não me aguentar. E seja capaz de ver que ás vezes eu preciso ficar sozinha para me lembrar que além do “nós” também existe um eu. Respeite-me. Cuide-me. Ama-me. E, sem rótulos, sem declarações, que é pra não assustar essa menina carente que morre de medo de amar, faça minha entrega valer à pena e me ensine que certas coisas não precisam ter fim.

Se fizer tudo isso, eu prometo não abandonar e controlar o medo que há em mim. Se prometer fazer tudo isso, eu prometo guardar meu coração pra você, pra quando você chegar.


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