sábado, 26 de abril de 2014

Perigos Da Gaveta


O ruim de não ter nada para contar é ter que revirar a gaveta atrás de histórias. Na minha gaveta tem um monte de coisas. Eu não tenho tempo pra todas elas. Estou com pressa. Escavo de dentro dela lembranças boas, lembranças que já tinham sido esquecidas, fotos mal tiradas que não mereceram o porta-retrato e as tais histórias. É importante guardar as histórias porque um dia você pode precisar delas. Eu estou precisando de uma agora. Depressa.

O bom de rever histórias antigas é poder comparar o quanto você melhorou. Às vezes você não melhorou coisa nenhuma, mas se sente diferente daquele momento descrito no papel e encara como um avanço. Igual eu ouvi dizer num filme que as relações são como tubarões que constantemente tem que avançar, caso contrário eles morrem. E eu lá sei alguma coisa sobre tubarões? Alguém pode tirar a dúvida que eu tenho sobre relações? Eu tentei explicar no papel, mas as metáforas atrapalharam.

Eram folhas que não acabavam mais. Em cada uma eu acreditei que tinha um pedaço do meu coração. Agora tenho certeza que meu coração não sabia no que se metia.

Essa história que eu segurei com mais força se tratava de um draminha típico em que um cara bonito aparecia onde não devia estar. Nas histórias todo mundo é imediatamente bonito, ainda que na vida real possa levar bastante tempo para se enxergar a beleza. E não estamos falando de um conto de fadas. O cara conhece a mulher e logo se sente atraído por ela. Eles se conhecem, mas nunca se viram. Isso gera uma puta expectativa, coisa que é difícil de superar. Mesmo assim eles foram em frente, se colocaram frente a frente.
De acordo com a mulher, nada decepcionou. Muito pelo contrário! O cara era de poucas palavras – como todo cara que ela se interessa deve ser – mas concordou em gênero, número e grau sem abrir a boca pra dizer uma. Abriu a boca pra outras coisas. Só que no dia seguinte, quando tudo deveria evoluir, ele não abriu mais. E foram ditas tão poucas palavras...

Já basta. Eu não queria falar de Benício. Tem histórias que não merecem ser contadas.

Outra razão para se guardar histórias na gaveta é que se você as deixa largadas por aí pode tropeçar nelas e ninguém gosta de levar tombo...




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