quinta-feira, 15 de maio de 2014

Tudo O Que Não Te Escrevi (E Quis Tanto)


Deu vontade de te escrever hoje. De pegar o telefone e te dar um toque, assim, de quem se equivocou com os nomes da agenda e acabou chamando por você, querendo chamar pela pessoa que estava abaixo na lista. De te mandar uma daquelas mensagens que a gente nunca sabe como chega, de um número que a gente nunca viu na vida, nos tratando como íntimo e dizendo um ~tenho saudades de você, beijo~ ou qualquer coisa assim, sem seu nome e sem o remetente. Só uma das mensagens perdidas que caem na sua caixa de entrada as três da manhã de um dia frio e solitário. Sabe? Desses convites sem dono que aparecem e a gente insiste em pensar que foi erro de quem mandou, ou erro da entrega da operadora, mas nunca pra gente. Afinal, aquele monte de número que nunca vi na vida, vai querer o que comigo mesmo? Quis te chamar ali no imbox mesmo, com aquela velha desculpa de sempre, oi, tudo bem? Opa, errei a janela, mas aproveitando a chance, como é que cê tá? Cê tá bem?

Sei que não perguntou, mas eu vou bem também. Assim, não bem bem, mas um bem melhor do que um muito mal, se é que entende. Você ainda consegue me entender como ninguém? Acho que não. Passou um tempão ne? Que é que tu fez nesses meses sem contato? A minha faculdade anda bem, assim, eu ando me irritando com algumas coisas como sempre, mas quem nunca ne? No mais, as notas estão bacanas, eu tô curtindo, lá eu encontrei umas pessoas legais que me amenizam a saudade que tô de você. É, eu sinto saudade. Sabe? De não fazer nada o dia inteiro além de conversar contigo. De não ter nenhum assunto e mesmo assim falarmos e falarmos e falarmos e falarmos. Nossa, nos faltava tempo. E agora, temos o tempo e nos falta todo o resto. Dói, sabe? Não ter você aqui pra dividir minhas conquistas. Aquela competição que eu queria participar, ganhei. Aí subi no palco e você não estava lá embaixo. Logo você, sabe, logo você que disse que me acompanharia para sempre em qualquer lugar que eu fosse. Logo você que me fez acreditar tanto em para sempre. E agora, o que é que eu faço com essa falta de fé que sua partida me deixou? Partida estou.

Não chorei por você. Não chorei pela gente. E também não chorei pelo fim. De tantas despedidas, aprendi a me controlar. Não me debrucei em nenhum ombro como um dia me debrucei em você, para me deixar ser reconstruída outra vez depois de uma queda gritante. Não procurei ajuda como procurei em você, lá atrás. Aprendi a me colar. Aprendi a me consolar. Aprendi a fingir que está tudo bem, colocar um sorriso desses de propaganda Colgate Total 12 no rosto e seguir em frente. Sigo em frente e te deixo pra trás. Ou talvez seja você que seguiu em frente e me abandonou. Nunca saberemos. É tão estranho te olhar e não te ver. Não te ver, nem te olhar, nem trocar aquelas mensagens sem sentido que diziam tanto sobre a gente. Nem sei mais seu nome, às vezes, seu apelido já não cabe mais como antes. Não dá mais para te chamar –mesmo que eu queira, como agora –Não cabe mais em nós o que um dia nós fomos. Acabamos.

A minha volta as pessoas dizem que quem não está contigo nas derrotas, não precisa compartilhar suas vitórias. Mas eu te queria aqui, ainda assim. Sabe? Longe das derrotas, se foi isso que te fez se afastar. Longe das vitórias também. Tanto faz. Eu só te queria aqui como você sempre disse que ia estar. Para sempre, lembra-se? Até o mundo acabar?

Até o mundo acabar parecia uma afirmação tão eterna que eu nem acredito que ele realmente acabou. Mas acabou e eu tenho que aceitar. É por isso que você é só mais um número da minha agenda. Como aquela música que a gente nunca escuta, mas continua na nossa playlist. Que a gente pula sempre que começa a tocar. Mas não apaga porque um dia significou tanto pra nós. Entende? E até abro aqui a janela do imbox, mas me mantenho em silêncio pra não te incomodar. Sei que te incomodei. Sei que já não há mais chances. Sei que o fim chegou e a gente seguiu por direção oposta.

Aceitei.


O fim, quero dizer. Continuo não aceitando não ter você aqui, comigo, pra falar bobagens e morrer de rir. Para sempre, como prometemos. Até o mundo acabar.



Me despeço dessa história

E concluo: a gente segue a direção
Que o nosso próprio coração mandar,
E foi pra lá, e foi pra lá.

Assinado Eu -Tiê


2 comentários:

  1. Texto tão lindo que é de apertar o coraçãozinho. Ainda mais inspirado numa música da Tiê. <3

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  2. Nanda,me identifiquei totalmente com o seu texto,estou passando por isso agora. Aquela vontade louca,avassaladora de falar com a pessoa e você não pode mais."
    Deu vontade de te escrever hoje. De pegar o telefone e te dar um toque, assim, de quem se equivocou com os nomes da agenda e acabou chamando por você, querendo chamar pela pessoa que estava abaixo na lista.Quis te chamar ali no imbox mesmo, com aquela velha desculpa de sempre, oi, tudo bem? Opa, errei a janela, mas aproveitando a chance, como é que cê tá? Cê tá bem?. Você ainda consegue me entender como ninguém? Acho que não. Passou um tempão ne? Que é que tu fez nesses meses sem contato?. De não ter nenhum assunto e mesmo assim falarmos e falarmos e falarmos e falarmos. Nossa, nos faltava tempo. E agora, temos o tempo e nos falta todo o resto. Dói, sabe? Não ter você aqui pra dividir minhas conquistas.Não dá mais para te chamar –mesmo que eu queira, como agora –Não cabe mais em nós o que um dia nós fomos. Acabamos.É por isso que você é só mais um número da minha agenda. Como aquela música que a gente nunca escuta, mas continua na nossa playlist. Que a gente pula sempre que começa a tocar. Mas não apaga porque um dia significou tanto pra nós. Entende? E até abro aqui a janela do imbox, mas me mantenho em silêncio pra não te incomodar. Sei que te incomodei. Sei que já não há mais chances. Sei que o fim chegou e a gente seguiu por direção oposta." Esses trechos mexeram profundamente com o meu coração e bateu aquele aperto... Parabéns por ser essa escritora sensacional !! Superbj

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