sexta-feira, 4 de julho de 2014

Dentre Tantos, Você



Incrível como estou propensa a pensar em você nos momentos mais improváveis. Como no meio de uma piada ruim, ou no nome de um filme qualquer, ou enquanto estudo alguma revolta muito entediante do período regencial. Seu rosto pula e vem até mim como se estivesse escondido ali o tempo todo. E talvez até estivesse. Ou não.

Acredito que seja somente essa minha saudade boba que só cresce. E a vontade de te ver sorrindo pra mim de novo, como naqueles momentos em que eu dizia algo sem pensar e você achava engraçado e me olhava como se admirasse minha espontaneidade. Eram ótimos momentos sabe? Eu sentia que você me olhava e podia ver tudo aquilo que eu queria te mostrar – mesmo que não fosse realmente assim. Aqueles eram nossos momentos – ainda que houvesse mais pessoas ao redor. Eram os momentos em que tudo no mundo parecia estar no lugar certo, como se porque você estivesse sorrindo e meu coração estivesse acelerado em resposta, a guerra na Palestina pudesse chegar ao fim, ou as injustiças fossem desaparecer. Eu sei, é besteira, mas é a minha besteira.

Como eu gostaria de poder ter esses momentos de volta, quando era fácil sermos nós. Sem arrependimentos ou fardos pesados para serem carregados. Sem culpas desnecessárias. Sem constrangimentos ou acusações. Apenas nós dois como se não existisse mais ninguém no mundo. Ainda que fosse só pra você falar e eu ouvir e arder em admiração por sua inteligência – mesmo que você seja o maior babaca do mundo às vezes, e eu saiba disso – ou então eu falando qualquer bobagem e te fizesse pensar que estava diante de uma criança inocente. Porque eu seria essa criança por você. Eu tiraria todas essas convenções chatas de cima de você por um momento e te faria entrar em meu mundo onde não há contas para serem pagas no fim do mês. Porém também me tornaria a mulher que você teria orgulho de ter ao seu lado e apresentar pra todos os seus amigos. Eu sei, não é assim, mas é impossível não pensar às vezes. Com o tempo eu estou aprendendo a aceitar a condição de que não posso ter você só pra mim, mas por enquanto me deixa afundar na saudade, fingir e rir um pouco depois de chorar.

Se quer saber, não tenho vergonha de assumir que ainda é você. Pois é você oras. O que eu posso fazer?

Prefiro deixar para os outros a tarefa de te odiar ou julgar. Deixo para todo o restante da humanidade o prazer (ou não) de apontar todos os seus erros e falar como se pudessem fazer melhor que você. Que se danem eles. Eu amo seus erros, cada um deles – mesmo aqueles que te fizeram ficar longe de mim – porque se não fossem por seus erros e defeitos, você não seria você. E eu não quero alguém que tivesse feito diferente, eu gosto da nossa história torta e sem final feliz porque é a nossa história.

E ainda que eu não tenha escolha, se eu tivesse, eu ainda escolheria você. Ainda escolheria viver tudo novamente só pra ter você ao meu lado. E não me importo com o que digam ao nosso respeito, a história é nossa e não deles. Nossa. Da sua menina, do meu homem. Ainda que nem mesmo tenhamos sido nossos pra valer.

Pra mim sempre haverá um nós que eu não trocaria por nenhum outro no mundo.




Esse é o texto de despedida da Jesse do UDC (por enquanto, né, porque a gente sempre espera que ela volte). Se é triste dar adeus a uma pessoa tão talentosa da nossa equipe, por outro lado aviso que temos duas vagas abertas e por isso vamos eleger os quatro melhores textos enviados pra nossa seleção pra vocês votarem e para irem para a segunda fase, ao invés de três selecionadas. 

Boa sorte a todas que nos enviaram os seus lindos textos!

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