Durou Enquanto Estava Bom, Mas Acabou

Na segunda fase da seleção pedimos as meninas que escolhessem uma música e fizessem um texto em cima delas, sobre qualquer assunto, que coubesse na proposta da melodia/ letra. O último texto foi feito em cima da música Acabou, do Projota. Confira o resultado e não se esqueça, dê seu like e comentário no final, caso você gostar.

Eu nuca fui aquele tipo de homem acomodado que quer morar com os pais o resto da vida. Saí de casa assim que arrumei um emprego estável e sempre adorei meu primeiro apartamento que apesar de ser claustrofobicamente pequeno era só meu. Nunca gostei que ninguém invadisse o meu espaço e acho que foi por isso que estranhei tanto quando percebi que nós dois estávamos cada vez mais próximos e que você ficava mais tempo na minha casa do que na sua. No fundo eu não me importava sabe, acordar todos os dias e ver você deitada ao meu lado superava todas as brigas por toalhas molhadas deixadas em cima da cama e todas as discussões que tínhamos quando você cozinhava nosso jantar e eu me recusava a lavar a louça.

Me lembro do dia em que tudo acabou e você saiu por aquela porta sem nem olhar para trás. Era difícil decifrar o que se passava na sua cabeça naquele instante, você conseguia esconder seus sentimentos muito bem quando era conveniente, mas te juro que eu só precisava saber se você estava levando as lembranças dos nossos momentos bons. Os seus bens materiais eu sei que você fez questão de procurar pelos quatro cantos da casa, como quem tenta deixar claro que não pretende mais voltar, mas eu só queria saber se nessa sua mala sobrou espaço para guardar um pouco do nosso amor que nós dois sabemos que ainda existe.

Apesar do seu esforço para apagar todos os rastros, eu sempre encontro alguma parte sua perdida pela casa. A verdade é que eu queria muito ter em mãos algo que fosse seu e que fosse importante o suficiente para me dar um motivo pra te ligar e saber como está a sua vida sem mim. Revirei todas as minhas gavetas, mas só consegui encontrar aquela presilha preta que você usava sempre que seu cabelo estava te incomodando, e isso só me fez lembrar do quanto você fica linda de cabelo preso e da vontade louca que eu sentia de te beijar toda vez que o seu pescoço ficava nu.

Eu, com esse meu coração de corinthiano, acostumado a ser taxado de sofredor, não fazia ideia do quanto uma santista com rosto de menina e atitude de mulher ia mexer comigo. O mais engraçado é que passei vinte anos sem te conhecer, e agora que você saiu da minha vida eu percebi que já nem me lembro mais de como ela era antes de você. Sabe, eu continuo aqui no mesmo lugar, e você sabe que pode me procurar quando quiser, só não deixa pra aparecer tarde demais, porque a vida de ninguém fica estacionada por muito tempo, e da mesma maneira que as dores surgem, elas passam.

É difícil acreditar, mas talvez tudo isso tenha durado o que tinha pra durar, e nós não precisamos tentar encontrar um culpado para o fim porque nosso amor nunca foi uma disputa. Você me trazia uma paz que eu nunca encontrei em nada e nem ninguém, e isso é algo difícil de substituir ou esquecer. Você é a mulher da minha vida e não faz sentido sair por aí, buscando me envolver em relacionamentos superficiais só porque dizem que “superar” é a coisa certa a se fazer. Estou arrumando a minha vida, mas se você sentir vontade de voltar pode vir. Só quero te dizer que eu estarei aqui, sempre, com os braços e o coração abertos, louco pra você me bagunçar de novo.

Vanessa Correia tem vinte anos e ama escrever. Uma eterna apaixonada por livros, princesas, novelas mexicanas e sorvete de chocolate. Acima de tudo, uma garota que sonha.

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