Certa vez uma amiga minha, vamos chamá-la
de S, conheceu um cara pela internet. Não nessas salas de bate-papo que hoje em
dia tem mais pornografia do que conversas de verdade, mas sim em um grupo no Facebook do qual os dois faziam parte.
Um adicionou o outro e eles começaram a conversar através da rede social. Em
pouco tempo trocaram números de telefone e passaram a conversar através de
mensagens de texto também. A frequência das conversas foi aumentando, e por
mais que a S tentasse negar, para mim e para si mesma, os dois começaram a
flertar um com o outro. Aquele tipo de flerte que começa como uma brincadeira e
quando nós percebemos está mais sério do que imaginávamos. Até então tudo está
tranquilo, não é mesmo? Afinal, novas histórias de amor surgem na internet
todos os dias, a S não era a primeira e sem dúvida alguma não seria a última.
Entretanto, havia um pequeno detalhe. A S tinha um namorado.
É impressionante como a nossa
vida pode mudar de uma hora para a outra, um clique na tecla enter pode fazer com que tudo vire de
cabeça para baixo. A S era completamente apaixonada pelo seu namorado, tinha
certeza disso, mas ela também sabia que toda vez que seu celular vibrava, seu
coração disparava dentro do peito só de imaginar que aquela poderia ser uma
nova mensagem do tal cara da internet. Será que realmente é possível gostar de
duas pessoas ao mesmo tempo? A S se perguntou isso um milhão de vez enquanto
tentava não se afundar no remorso que era “trair” o namorado e não ser
totalmente sincera com a pessoa que está do outro lado na tela.
A S pediu minha opinião algumas
vezes e minha resposta era sempre a mesma: termine o namoro. Eu não acreditava
que valia a pena ela acabar com um relacionamento por causa de um cara que,
apesar de escrever mensagens lindas e encantadoras, ela nem conhecia
pessoalmente. Era loucura, ele podia ser alguém completamente diferente da
pessoa que ela idealizara através daquelas conversas. Mas também não compensava
continuar um namoro assim. Era fato que ela e seu namorado se amavam, mas o
amor não consegue sustentar relacionamentos sozinho, e se um namoro abre espaço
para que alguma das partes se interesse por outra pessoa é porque algo está
errado.
No fim, a S decidiu terminar, mas
as coisas acabaram não evoluindo com o cara da internet. Após algum tempo ela e
o namorado tentaram reatar, mas não deu certo também. A S continua solteira
desde a época desses acontecimentos, e mesmo após essa sucessão de “fracassos”
ela diz que não se arrepende das escolhas que fez. E eu, como amiga, tenho o
coração tranquilo e não me arrependo dos conselhos que dei. A S fez o que
deveria ser feito.
Todos os dias surgem desafios em
nosso caminho, as decisões que precisamos tomar nem sempre são fáceis e quando
se trata do amor elas ficam ainda mais complicadas. Mas não tenha medo de fazer
as escolhas certas, por mais que suas consequências machuquem um pouco. Pode
até parecer conselho velho e clichê, mas o tempo realmente cura tudo, e por
mais que sua dor seja grande, um dia vai passar. Sempre passa. O que não vale a
pena é viver pela metade, dizendo meias verdade só por medo de sair da sua zona
de conforto. Porque é realmente muito ruim trair as pessoas que amamos, mas é
ainda pior trair o nosso próprio coração.
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