segunda-feira, 18 de maio de 2015

Antes do fim



Deixou de ser nós quando o telefone tocou e não corri para atender como sempre fiz. Deixou de ser nós quando os dois não cederam na escolha do filme e da festa no meio da semana. Deixou de ser nós quando você esqueceu o primeiro presente que me deu e deixou o meu cd preferido fora do seu carro.

Acabamos quando você despejou seus problemas sobre mim e não questionou nada da minha vida. Quando você parou de cuidar da nossa história e eu parei de me importar. Eu percebi que já não existíamos quando adiar encontros não mais me angustiava e, no fundo, eu me sentia bem ainda que um peso caísse sobre mim pela pressão social. Eu descobri quando nossos caminhos ficaram sempre paralelos e não havia mais cruzamentos nem conselhos.

Deixou de ser nós quando a falta de notícias não me atormentava mais e os terceiros passaram a perguntar de você mais do que eu. Deixou de ser nós quando o enfeite da mesa se quebrou e o respeito acabou. Deixou de ser nós quando as roupas esquecidas, ao acaso, tornaram-se raras e os mal-entendidos aumentaram inversamente proporcionais aos sorrisos.

Deixou de ser nós quando o apoio parou de existir, quando os planos se dissolveram e algumas certezas foram trocadas. Deixou de ser nós quando o olhar divagou e o toque esfriou. Quando ouvi o seu nome e não me virei esperando te reencontrar. Quando deixei de sonhar com você em todos os sentidos. Quando parei de escrever sobre você.

Deixou de ser nós quando passou a ser eu.         

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