terça-feira, 27 de outubro de 2015

Sentimentos de papel


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Eu acordei hoje com você ainda mais forte em meu pensamento. Toda vez que eu estou bem por um tempo maior e acredito que ficarei finalmente limpa, você volta. Eu escondo  de todos quando eu me sinto assim e todos compram essa minha personalidade fria, mas é quando eu fico sozinha que você grita o mais alto possível. Eu tento me sabotar, mentir e trair a mim. Eu chego quase a acreditar nessa atuação, mas em dias como hoje eu percebo o quão má atriz eu sou. 

Eu não consigo admitir que eu o quero aqui, na minha cama e envolto a mim depois desse tempo porque  você nunca conseguiu demonstrar totalmente. O nosso amor ficou em palavras. Sim, como naquela música da Cássia. Todas as letras foram sopradas, escritas ao vento, ao vazio. Nosso amor foi de papel. 

Nós dois sempre fomos assim. Firmes, práticos, discretos e estáticos. Como uma folha em branco, seguíamos sendo o melhor papel de filho, de amigo, de estudante, de profissional. Sempre em linha reta e sem dobras, amassados e rasgos. Buscávamos uma proteção a todo o custo e nos protegíamos de cada pingo de chuva. Somos de papel por sermos ao mesmo tempo frágeis. A exatidão, a seriedade e a racionalidade nos privou até hoje de qualquer quebra, mas é que livres disso viraríamos os restos do triturador do escritório.

Eu fico pensando se, algum dia, iremos aprender. Compreender, de fato, que a vida é esse despedaçar de quando em quando e que se manter inabalável é a pior das fugas. E nós temos esse defeito. Espero, sinceramente, que você entenda, um dia, assim como eu.  Lamento o quanto tudo passou e a gente ficou. Nós ficamos presos nessa história enquanto tudo e todos seguiram. Parece um labirinto em que ambos estão isolados e sem encontrar a saída. Parece uma sala de espelhos. As aparências gritam e nossas vozes se calam.

Por que nenhum de nós consegue se mover? Será que tudo isso vai morrer com a gente?  A verdade é que já nos rasgamos mesmo acreditando que nos manteríamos inteiros.

"Sentir que estamos perto, saber que o longe foi opção". Esse verso da música Surreal sintetiza tudo. Foi uma escolha. Nossa escolha e que segue nos imobilizando. Será surreal somente? Será que somente eu contínuo revivendo tudo em minha mente?

O pior é que a gente nunca sabe.  Eu só preciso aprender a continuar, a mergulhar, a correr, a gritar, a seguir. A Viver.





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