segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Amor Não É Isso Que Ele Chama De Amor




Tenho andado bem distraída na rede social que não deve ser nomeada. Baixei um aplicativo (santo!) que cancela todos os feeds e me impede de me meter em mais confusões do que devo enquanto estudo e tento salvar meu período em umas duas matérias. A situação do meu período não está tão ruim. A situação da rede-social-que-não-deve-ser-nomeada é que já passou dos limites. Na maioria das vezes eu deixo a extensão ativada e só vejo quem está on-line, porque preciso do inbox por questões pessoais (a.ka resolver tretas acadêmicas e conversar com o namorado).

Mas num dos meus ataques para ver o que é que as pessoas estavam fazendo e polemizando, desativei a extensão esses dias e qual não foi a minha surpresa quando me deparei com uma cena ridícula – no significado real da palavra – entre uma conhecida minha, que eu tenho com muito carinho, e seu namorado. Eu não sou do tipo que meto o bedelho em relacionamento do outro, dizendo o que se deve fazer ou como se deve namorar. Já me dá muito trabalho (muito mesmo!) lidar com o meu. Mas às vezes eu fico um pouco assustada com o que as pessoas se sujeitam num relacionamento sob o rótulo de “é amor, a gente tem que perdoar”. Tem?

Depois de uma briga, o namorado da minha conhecida a fez passar por uma situação humilhante numa foto. Ela estava pedindo ajuda, para sair daquela situação com um pouco de dignidade. Eu queria ter ajudado, mas simplesmente não consegui. Apenas olhei para a foto e encarei. Pisquei algumas vezes e continuei encarando. Tentei entender a história. Saí da rede social não nomeável, voltei pra outra rede amorzinho (@nanzcampos gente, segue lá!) e fui de novo pra ver a foto porque é, eu não estava acreditando. Mas era verdade. E era uma verdade que estava doendo em mim.

Eu não sou a doutora em relacionamentos (e, por favor, sou péssima pra conselhos amorosos, não venham me pedir! Eu não sei ser fofa em conselhos, então eu mando logo a real. É basicamente o que eu vou fazer agora depois dessa longa introdução!), mas, dois anos namorando, e conversando com várias meninas que namoram há mais tempo, eu percebi algumas coisas. Que resolvi compartilhar.

Amor não aceita humilhação. Não importa o quanto você diga isso na frente do espelho, que quando a pessoa tá com raiva ela tem o direito de te humilhar, maltratar, gritar com você, qualquer que seja sua reação: não, ela não tem esse direito. Ninguém tem esse direito. Nem seus pais. Aliás, cá entre nós, tenho certeza de que se sua mãe soubesse que você está sendo humilhada em um relacionamento com codinome amor ela não ficaria nem um pouco feliz, não é mesmo?

Se ele te deixa insegura, te faz se sentir mal ou menor que ele em qualquer situação, se ele te cala em rodas de conversa com ou sem consciência, se ele parece tão inacessível quanto você sabe que ele é: não é amor. Se ele te insulta, te provoca, te tira do sério, e depois grita que você é louca, descompensada, doidinha de pedra, que fica imaginando coisas sem sentido quando está sozinha: não é amor. Se ele não te atende e depois fica bravo por você se preocupar pelos sumiços que ele dá: adivinha? Não é amor.

Se ele controla suas roupas, seus amigos, suas saídas, o que você bebe ou deixa de beber, os seus palavrões: não é amor. Se, quando você tenta conversar e pedir atenção, se você tem de implorar para ele ficar com você, ao invés de sair com os seus amigos, se ele só se diverte longe de você: não é amor. Se ele fala mal de você, para qualquer pessoa, se tem xingamentos horríveis quando você faz algo que não o agrada, se você tem que ficar medindo o que fazer e o que falar para deixa-lo feliz (mesmo que isso te deixe triste): miga, não é amor.

Se você se sente mais sozinha do que acompanhada nesse relacionamento, se quando você precisa ele está ocupado demais seja lá o que estiver fazendo, se você tem chorado muito mais do que sorrido com essa pessoa ao seu lado: é cilada. Se o relacionamento parece ter empacado no meio do caminho, você não consegue empurra-lo mais um passo e, na maior parte das vezes, parece que ele não está nem aí para andar ao seu lado e você tem que fazer tudo sozinha: não vale a pena. Não importa o quanto você ame (ou diga que ame) esse cara: isso não é um relacionamento. Você merece muito mais do que um status numa rede social hipócrita e um fantasma nas fotos de família.

Não adianta que ele seja fofo entre quatro paredes, se ele grita com você entre os amigos: ele não é legal. Não adianta que ele diga que te ama, se ele faz terror psicológico com você (seja para transar, seja para conseguir o que quer que ele queira): não, amiga, ele não te ama. Não adianta qualquer que seja a ação dele para que você o desculpe, se na maioria das vezes ele age como se você não merecesse o amor dele, se depois disso vem várias condições, se tem sempre um SE enorme que vira um bolo em sua garganta quando é abandonada em sua casa: NÃO, AMIGA, ELE NÃO É LEGAL, ELE NÃO TE AMA E VOCÊ DEFINITIVAMENTE NÃO MERECE O AMOR DELE.

Porque você merece coisa muito, muito melhor. E isso não é relacionamento. Isso é abuso, é terror psicológico, é uma droga de estar sozinha mesmo acompanhada. E nem que ele contrate um helicóptero para jogar pétalas de rosas vermelhas sobre você como pedido de desculpa: isso não é amor. 

O amor é muito mais do que uma desculpa. E eu sei que é duro ler, mas alguém precisa fazer você ver. Que amor não é isso - não é nada disso - que ele chama de amor. E que esse tipo de amor ninguém precisa - muito menos você.



ps: Como eu sei que a probabilidade dessa minha conhecida ler esse texto é grande, deixo aqui meu pedido de desculpas por ter amparado o tema dessa crônica em sua história. Eu fiquei mesmo muito chocada com a situação. Você tem meu inbox e pode me procurar quando quiser para conversar. Tem também meu e-mail. Eu não vou passar a mão na sua cabeça, mas talvez você precise de alguém pra desabafar.

ps2: e vocês, já passaram por alguma situação assim? Deixa um comentário legal (ou nem tanto) de ajuda pra nossa colega que precisa ler algumas coisas. Concorda? Discorda? Conta pra gente!





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