sábado, 28 de novembro de 2015

Borboletas Feridas Ainda Voam




Eu prometi que não escreveria mais para você.

Porque você não lê. Porque você não se importa. Porque para você o que eu faço e escrevo é só um monte de frases jogadas ao vento, carregadas morro abaixo antes de acharem morada no seu coração. Seu coração é inabitável. Tem gente que nasce mesmo pra viver sozinho. Pena que eu nasci pra viver com você.

Ou talvez seja isso que eu diga para mim mesma na frente do espelho, depois de passar mais de uma hora escolhendo roupa, arrumando o cabelo, passando maquiagem. Pra você. Eu prometi que não ia mais me arrumar e me vestir pra você. Juro que prometi ontem a noite enquanto eu chorava agarrada ao travesseiro que era a última vez que fazia qualquer coisa por você.

Eu prometi que ia parar com essa brincadeira de kamikaze. De mulher-bomba de relacionamento. De gente sem amor próprio. Que fica por aí rastejando pra quem não tá nem aí pra ela mesma. Essa gente que eu mesma levanto a voz pra falar que não deveria agir assim. Essa gente que eu sempre odiei e fiz tudo para não me parecer nenhum pouquinho na minha vida. Eu prometi que não seria desse tipo de gente. 

Eu jurei que a gente já deu o que tinha que ter dado. E a gente não deu em nada, cara, porque você não sabe amar. E talvez eu não saiba amar. Será que alguém sabe? Meu analista me perguntou e até agora não achei a resposta. Maldita hora que resolvi pagar por essas análises. Saio de lá com mais perguntas do que respostas e mais em frangalhos do que quando você me deixa na porta de casa e promete me ligar – mas nunca liga.

Por que é que você não liga, por que é que você não vem?

Demorei a entender que o problema não era eu. Não era meu. Era você. Tem gente que não nasce mesmo pra se relacionar com ninguém. Demorei a aceitar que você é desse tipo. Falta de timing, talvez. Não por falta de seios, de bundas, de olhos azuis, de cabelos loiros e compridos. É só o maldito relógio que marca a hora diferente pra mim e pra você: seu tempo tá no futuro e eu vivo num passado de ilusão em que eu jurava que você um dia tinha dado um sorriso para mim diferente do que para todas as outras. Nosso tempo nunca aconteceu.

Eu prometi que não escreveria mais para você. Nem sobre você. Nem sobre a gente e o que a gente não foi. Nem sobre o que eu adoraria que a gente tivesse sido. Eu prometi não te amolar com minhas fantasias e meus sonhos de menina que quer ser amada. Porque saquei que você não sabe amar. E me prometi que não ia continuar nessa relação que não é relação tentando te mudar. Mas prometer é muito mais fácil que cumprir. E juro que eu prometi ontem a noite que não ia mais atender quando você me ligasse, com meia dúzia de desculpas e uma promessa de que tudo ia melhorar.

Merda.

Eu juro que antes disso eu tinha prometido não te amar.


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