Sempre procurei por caras que eu admirasse a personalidade muito mais que qualquer corpo que estampa essas revistas fitness e que respiram suplementos. Procurei por caras que trocassem noites viradas na balada por barzinhos intimistas no final da tarde. Procurei por caras que não quisessem estampar somente o sentimento 24 horas por dia nas redes sociais, mas que falassem entre nós o quanto a relação é especial. Procurei por caras que soubessem conversar sobre o novo lançamento do cinema, o mercado da música, a manchete do jornal e estivessem sempre dispostos a trocar antigas concepções e também a alterarem a minha opinião.
Procurei por caras que sentissem muito mais do que prometessem em centenas de palavras calculadas e que seriam todas as vezes digeridas, mas causariam azia na próxima briga do sábado à noite. Procurei por caras que não julgassem minhas escolhas por mero egoísmo, mas que me questionassem sempre o porquê das minhas decisões e me fizessem ver oportunidades ainda ocultas. Procurei por caras que sonhassem e planejassem a carreira, viagens e futuras conquistas comigo e sem mim também, mas que eu fosse alguém que pudesse dividir tudo isto e conversar, numa terça-feira qualquer, sobre nossa vida daqui a cinco, dez, vinte anos. Procurei por caras que mesmo com minhas inúmeras barreiras e angústias internas ultrapassassem tais questões e desvendassem o que nunca ninguém conseguiu.
Procurei por caras que me demonstrassem que nenhuma rotina de casa-trabalho-faculdade possa ser tão sufocante e que um telefonema, nessa era de mensagem instantânea e tão impessoal, possa alterar totalmente o meu humor na grande maioria das vezes. Procurei por caras que me proporcionassem um sentimento de liberdade e carinho. Alguém que segurasse sempre a minha mão, mas que não a aprisionasse. Alguém que me desse espaço e amplitude para conhecer locais que jamais imaginei e que, ainda que eu enxergasse o novo, quisesse sempre ter o velho conhecido local para repousar. Alguém que fosse o meu co-piloto e assumisse o controle dos botões quando meu painel pifasse.
Procurei por caras que fossem meus amigos, cúmplices, amantes e não apenas uma dessas características. Procurei por caras que refletissem valores que considero importantes e que também fossem diferentes em tantos aspectos, mas que nós fôssemos seres maleáveis e livres para sermos outros com o tempo. E também para sermos sempre os mesmos diante de qualquer dificuldade e em qualquer ambiente que frequentássemos. Procurei por caras que sorrissem com os olhos e proporcionassem intimidade, cuidado e respeito com pequenos movimentos corporais. Procurei por caras que transformassem acontecimentos diários em singelos atos de sentimento. Procurei por caras simples. Procurei por caras reais.
E esses caras existem, acredite :) Parabéns pelo texto, muito legal.
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