sábado, 2 de junho de 2012

Menina Travessa

Ela rodava, rodava, rodava. No meio da pista de dança, num vestido branco, de saia esvoaçante, rodava. Um sorriso branco no rosto de boneca. Boneca de porcelana. Se caísse quebrava, virava caquinhos. Rodava. Com aqueles olhos grandes, azuis, brilhantes, luminosos.  Brilhava como luzes, iluminando a boate. Rodava. Rodava. Parecia uma menina, menina levada, travessa. Rodava.

Ele não conseguia tirar os olhos dela. Encantado. Ela rodava, rodava. Balançava seu mundo. O tirava do eixo. Rodava. No meio de tantas pessoas, de uma festa cheia, ele só tinha olhos pra ela. Em meio a música alta, ele não escutava nada. Só a risada dela. Risada de menina travessa. Que rodava, rodava... E o levava junto.

Parecia entorpecido, viciado, nos movimentos dela. De branco, no meio da pista, rodava... Parecia um anjo, sem asas, perdido no meio dos humanos... Rodava. Rodava para ele. O desestruturava. Deixava seu mundo fora do eixo. Rodava. No sentido contrário de sua vida. Rodava.

E ria. Sedutora como uma mulher, num corpo de menina. Menina travessa. Rodava. Rodava. Parecia que não ia parar nunca. Não sabia como ela conseguia rodar tanto sem ficar tonta, sem perder o equilíbrio. Rodava.

Quem ficava tonto, era ele. A vendo rodar em câmera lenta. Desestruturava seu mundo. Ele perdia o equilíbrio. Mesmo sentado, com os pés no chão, tinha a sensação de que cairia a qualquer momento.

Cairia no meio daquele redemoinho, provocado pela saia do vestido branco que girava, enquanto ela, travessa como uma menina, rodava. O hipnotizava. O carregava para o meio, o olho do furacão.

Rodava. Enquanto ele, a  vendo de longe, tonto de tanta beleza, tentava se decidir se deixava o mundo que carregava nas costas, seguro, para segurar a mão dela e rodar, rodar, com ela.

Ela rodava, rodava. Sorria para ele, o desestruturava. Rodava. Balançou os cabelos, rindo, sedutora, num jeito de menina. Ele sorriu. Foi até ela. Largou o mundo, para rodar com ela.

A menina travessa, que parecia boneca de porcelana e lembrava um anjo, que balançou seu mundo todo e o levou pro meio do redemoinho...

E com ele rodava, rodava, rodava... Não se soltavam jamais.

Ela, a menina travessa que lembrava um anjo. Ele, o homem sério que deixou seu mundo para rodar com ela. E juntos, rodavam, rodavam...

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