Você quer ir, tudo bem, eu não falo nada, não faço nada.
Arrume suas coisas e vai. Não, sem essa de grandes discursos descorados na
frente do espelho. Não quero saber quando foi que tudo mudou pra você, quando
foi que acabou. Chega. Arrume suas coisas e vai.
Não precisa agir como se estivesse preocupado comigo. A
gente sabe que não é verdade. Pare de fazer cena, não precisamos disso. Relaxe.
Eu não vou fazer greve de fome, eu não vou tentar me matar. Pode ficar
tranquilo; arrume suas coisas e vai.
Para com isso, a gente sabe que você não está triste por ir.
Não precisa fingir. Tá tudo bem. Eu nem mesmo vou chorar. Acabou. As coisas
sempre acabam, fui eu que disse isso a você. Você se lembra? Não, não vou fazer
cena, não vou te pedir para ficar, para nos dar essa chance, só mais uma, sei
que posso te fazer feliz, bla-bla-bla-bla. Se você quer ir, arrume suas coisas
e vai.
Vai. Mas vai com a certeza de que essa estrada tem uma
direção só e que se quiser voltar estará interditada para manés. Vai e ponha na
sua cabeça que me perdeu, que nunca mais vai ver meus sorrisos nem ter minha
preocupação rondando seus dias. Vai, e apague meu número de sua agenda, e me
tire das suas redes sociais, e quando passar por mim finja que não me viu, que não
me conhece, que não se importa.
Arrume suas coisas e vai, mas pegue tudo o que tem que pegar
porque o que sobrar vai pro lixo. Vai. E vai ser feliz porque eu serei –e muito
–sem você. Vai. E tomara que encontre alguma idiota que te entenda como eu, e
que não te cobre para mudar esse seu jeito de quem é incapaz de amar quem está
ao seu lado.
Vai. E não espere que eu chore, que eu implore, que eu
grite, que eu te xingue. E não espere que eu sofra, que eu não siga em frente,
que eu morra, que eu padeça. Não. Não se sofre pelo o que nunca se teve, não se
chora pelo que nunca ganhou. Não espere, também, que eu fique aqui te
esperando. Não fico.
E sem explicações, sem despedidas, sem discursos, sem
pedidos: arrume suas coisas e vai. E que Deus abençoe o seu novo caminho. E que
nunca queira voltar, porque não estarei mais aqui. E que em momento algum bata
um arrependimento e você se pergunte como seria se ao invés de ir
tivesse deixado suas coisas no meu armário e ficado.
Não me mande noticias, cartões, mensagens, não quero sinal
de fumaça nem saber se está vivo. Esqueça que fiz parte de sua vida. Vai ficar
tudo bem. Apenas, arrume suas coisas e vai.
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