Eu tentei tanto dizer à mim mesma que você se foi
E embora você ainda esteja comigo
Eu tenho estado sozinha por todo esse tempo
My Immortal -Evanescence
Eu ainda sou aquela que odeia café frio e se recusa a
requenta-lo porque odeia esse gosto diferente que acusa que nunca mais vai ser
o mesmo. Eu ainda sinto muito frio à noite e ando descalça pela casa toda e sou
incapaz de lavar meus pés antes de deitar por preguiça mesmo. Eu ainda odeio levantar cedo, só que agora
ninguém escuta mais minhas reclamações de que deveria ser proibido por lei
levantar antes das nove.
Eu ainda quase morro de cólica, só que ninguém mais segura a
minha mão, me chama de fresca e diz que estou horrível fazendo a histérica. Eu
ainda tenho TPMs horrorosas, mas só sobrou meu reflexo no espelho para gritar.
Eu ainda continuo aquela chorona incurável. E ainda pareço uma desesperada
quando vou em casamento e a noiva vai jogar o buquê. Porque é, eu ainda morro
de medo de ser mais uma dessas velhas mal amadas ressentidas por nunca terem
casado.
Eu ainda escuto aquela que foi a nossa música todos os dias
antes de dormir. A diferença é que agora ela não é mais nossa. É só minha. Você
perdeu o ritmo, esqueceu a melodia e me deixou dançando sozinha. Eu ainda acho
meu trabalho um saco. É verdade que depois que você se foi eu já troquei de escritório
umas duas vezes, mas continua tudo igual, inclusive minha paciência.
Eu ainda me corto frequentemente na cozinha. E, sim, eu
ainda sou péssima como cozinheira. Eu ainda sofro de insônias por dias seguidos.
Eu ainda estou lendo aquele livro que estava na minha cabeceira antes de nossa
última briga. E eu ainda continuo achando o jeito desse escritor ver as coisas
um porre. Mas eu ainda não desisti da leitura.
Eu ainda sou viciada no seu sorriso, não acho nada mais lindo
do que aquela sua risada sonora. E eu ainda te procuro por aí sempre que me
arrisco a conhecer outros caras. Eu ainda acho política um saco e ainda não entendo
nada de economia. Mas agora assisto futebol aos domingos em uma homenagem simbólica
a você –embora você não mereça nem um pouco minha homenagem.
Eu ainda confiro o celular vinte vezes ao dia para ver se você
não mudou de ideia. É, eu ainda te espero voltar pela mesma porta que você saiu.
Eu ainda tenho vontades loucas de ir atrás de você. E eu ainda continuo a mesma
medrosa de sempre. Eu ainda prefiro o verde ao azul, desde que te encarei pela
primeira vez.
Eu ainda sou aquela que te acariciava antes de você dormir.
Eu ainda sou aquela que te ajudou quando você mais precisava, aquela que te
amou de todo coração e ainda sou quem te segurou com mais força no mundo. Eu
ainda sou os sonhos que planejamos juntos, os planos e as metas que traçamos.
Eu ainda sou aquela por quem você jurou amor eterno, e eu ainda acredito no
eterno –embora nem tanto mais no amor. –Eu ainda sou sua e eu ainda estou
esperando você voltar, mesmo sabendo que você não é meu e já esqueceu o caminho
que te traria até aqui.
É, como pode ver, eu continuo a mesma boba, ingênua, cega,
apaixonada e crente demais no que as pessoas dizem, como você sempre disse que
eu era e tantas vezes me pediu pra mudar. E eu ainda estou no mesmo lugar que você
me deixou, como uma boneca viva que perdeu sua alma, rezando para que você perceba
que ainda me ama e que tudo não passou de um mal entendido. Embora eu ainda
tenha a opinião de que relacionamentos são como cafés e que uma vez frio, não importa
quão gostoso e irresistível tenha sido, não vale mais a pena esquenta-lo e
bebê-lo novamente.
Uau! Uau! Uau!
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