Ela girava, girava... Feto bailarina nas pontas dos pés,
sentindo a música pulsar em seu corpo, girando de um lado para o outro, sem se afastar dos braços dele. Girava. Menina
que só com um sorriso branco e travesso no rosto. E ria, gargalhada sonora que
eriçava todos os pelos de seu corpo, uma sensação que ainda parecia assusta-lo
tamanha a intensidade.
E girava. Leve como brisa de verão causando um redemoinho em
volta dele, com sua saia longa quase sempre branca, de emoções e sentimentos
que ele não conseguia explicar. Girava. Com a segurança de que, fosse como
fosse, ele a seguraria.
Logo ele, que não tinha ritmo algum, que parecia uma estátua
atrapalhando todos os movimentos, era obrigado a girar com ela. É que ela o
levava, em giros, em sorrisos, em rodopios sedutores, correnteza abaixo, morro
acima, estrada reta e sem curvas –e mesmo que fosse com curvas, e mesmo que
fosse cheia de pedregulhos, os rodopios eram tão sedutores e leves que eram difíceis
de resistir.
Não resistia.
Ela, melodiosa como bailarina, girava feito menina, ria da
falta de ritmo dele. E girava. Menina que só, nas pontas dos pés, sorriso
travesso no rosto de mulher. E girava, girava... Menina bonita de pele macia,
de olhos grandes, de boca pequena, de rosto de porcelana, de giros de
bailarina...
De tantas opções foi escolher justo ele, sem ritmo que era,
para segurar os seus giros. E girava. Linda e clara no meio da pista, parecendo
anjo de asas caídas, feito bailarina de palco entre a multidão, como quando se
conheceram. Ela, menina que só, travessa, bailarina, bonita menina. Na ponta
dos pés, girava e girava. Ele tão sério, tão frio, tão seco, tão esquisito,
tentava se soltar, porque sabia que pouco se parecia com aquela menina.
Mas aí ela girava. Menina que só, travessa que só, bailarina
que só, bonita que só. De lá para cá sem medo de cair. Quem caía era ele,
coitado, para dentro do redemoinho de sentimentos que só ela lhe causava, que destruía
o seu mundo e criava outro muito melhor. Logo ele, de ombro pesados de tantas
responsabilidades, deixava os giros que ela causava derrubar o mundo que tinha
nas costas, para acompanha-la.
E antes mesmo que protestasse, já estava seduzido pelo
sorriso travesso do rosto de porcelana. Feito meninos felizes livres no campo,
eles giravam, giravam, giravam... Em rodopios sem destinos de menina sedutora,
travessa como menina. Bonita como bailarina. Sedutora como mulher.
E juntos, giravam, giravam... E riam, e se amavam, e eram felizes. E
giravam. Sem destino e sem final, apenas, giravam...
Eu amo tanto essa série. Acho a coisa mais foooooofa do mundo, Nanz! <3
ResponderExcluirAi meu coraçãozinho...
ResponderExcluirTodo machucado, todo encantando e batendo aqui, que nem um louco.