Me sequestre. Me roube do tédio. Me tire do sério. Essa
coisa calminha, de príncipe e cavalos brancos, de mãos dados em parque e pés frios
colados à noite, não me seduz. Quero mesmo é que você me provoque. Percebeu?
Me-pro-vo-que. Me faça te odiar a tal ponto que eu não consiga parar de pensar
em você. Me roube as noites de sono com sua ausência. Depois as devolva quando
voltar. Me faça derramar lágrimas de desespero e então me faça rir com uma
piada qualquer até que minha barriga comece a doer.
Eu não tô te pedindo para vir. Mas se vier venha para ser
meu. Todo meu. Metades, restos e desculpas não me convencem, não me interessam,
não me seduzem. Venha, sem desempenhar nenhum papel que não seja o que você é.
Eu sei que se você quiser você pode ser romântico,
canalha, desinteressado e sufocante. Eu também sei me disfarçar assim quando me
convém. Mas vamos largar esses papeis clichês de lado, tirar a máscara um pouco
e ser o que somos. Só por hoje mesmo. Vem. E
a gente se encara cara-a-cara, olho-a-olho, sem nada além de nós aqui.
Não faça promessas. Não fale de amanhã. Ao invés disso,
tenta me convencer de que hoje é tão bom que o futuro pouco importa. Não minta
também. Mas também não seja radical e se desmonte todo logo no primeiro
encontro. Um pouco de mistério é sempre bom. Mas só um pouco. Que curiosidade
demais não me excita. Não me traga flores. Elas dão muito trabalho e sempre
morrem; na floricultura são melhores cuidadas e mais encantadoras. Não precisa
querer dormir de conchinha toda noite. Às vezes eu preciso respirar. Encare
esse fato: eu sou livre e não quero ser presa. Isso não tem nada a ver com autossuficiência
e independência. Quem dera se eu fosse toda a fortaleza que finjo que sou. É
que tudo que é demais me sufoca. Até mesmo amor.
E por falar nele –nesse tal de amor –vamos com calma, sem
atropelamentos que não tô afim de feridas. Ele não me assusta, mas também não me
acalma. Não me venha falar sobre isso no meio do jantar, nem decore na frente
do espelho. Lembra-se daquela história de esquecer os papeis? Então. Diga
quando for verdade, quando for intenso, quando for sentido. E não porque tem
que dizer. Se declare mais nos gestos, mais nos olhares e nos sorrisos que dá a
mim. Eu amo as palavras, mas tem hora que elas só atrapalham.
Me tira da rotina. Desalinhe a minha vida. Me enlouqueça e
se deixe enlouquecer também. Arranque meu chão. Me apresente o céu. Me
provoque. E não tô falando só na pele, arrepios na nuca é muito bom, mas eu
quero que você arrepie minha alma. Me leve ao inferno também, se quiser. Mas faça
alguma coisa. Qualquer coisa. Coloque curvas na minha estrada e me mostre que
nem sempre o caminho reto é o mais curto para a felicidade. Antes de querer me
ter em você, me faça me apaixonar por mim. Por mim e pelo o que eu sou quando
estou ao seu lado, quando somos só você e eu. E aí, eu te garanto, não vai me
sobrar outra escolha a não ser me apaixonar por você.
Então, por favor, me provoque!
Show! :)
ResponderExcluirNossa fiquei arrepiada !
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