Paro e questiono você, Tempo, singelo senhor que comanda a vida.
Há que preço? Há que vida? Há que sentir?
Curvo-me sob o peso de suas certezas, pois sou natural seguidora de seus passos. Senhor, és meu dono, o mandatário mais difícil e vigente. Peço-lhe o perdão pela ofensa de ousar-me contra ti e lançar-me no despenhadeiro do risco. Tão levada por dúvidas, por incertezas que são contrárias ao seu poder. Perdoe, perdoe!
Esforçarei-me para acatar as suas posições, pois sou pequena, sou nada. Aquele nada que muito almeja. Neste desejo pensa possível a presença doce namorar-me, enamorar-se pelas qualidades que não possuo, impressionar-se com os erros que marcam, sorrir-se daquilo que sou. O eu pequeno, pouco, é nada que a vida atenta.
Desculpe-me, Tempo, por não te dar ocasião propicia de agir por mim. Essa mania incômoda de querer avançar mais do que você pode, mais do que ela quer. Pauto-me na postura de aceitar, ou deveria ser assim, porém tenho me erguido contra a espera de que você faça acontecer. Todavia, você parece não executar ou, talvez, o faça, só que de forma tão própria que não sou capaz de perceber. Se noto, acho que é pouco, menos do que eu creio ser a conta exata do acerto.
É mesmo difícil respeitar-lhe, afinal és tão maior e mais correto que eu, em minha humilde posição, vejo-me longe de ser a sua altura. Por falar em ser, não aprendi como estar a paciente que você necessita para seu agir. Esforço-me de bom grado, mas peco ao exigir que o meu inventado tempo venha a sobrepor-se a você que é o Tempo e não me pertence.
Venho através destas humildes palavras assinar minha entrega plena. Ousei o que deveria, corri por fora, enquanto achei que você era pouco. Agora é só você capaz de resolver, só você colocará um certo brilho nos olhos e apenas você salvará um pouco de mim.
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