Sou uma consumidora de livros e quem me acompanha, ainda que
pouco, sabe que estou sempre com um nas mãos e pelo menos três esperando sua
vez na estante. Já comprei livros por capa, título, e pelos comentários que são
exibidos no final. Todo mundo sabe que um título de efeito e uma capa bem feita
chamam mais atenção. Mas, como louca por livros que sou, também já comprei por
impulso, só pelo prazer de comprar. Livros realmente bons, porém não com capa
espetacular, esperando que alguém lhe desse uma segunda olhada, foleasse as
páginas e se permitisse conhecer a história que gravaram dentro dele. Já li
muito livro de capa bonita, alguns até best-sellers, que sequer me convenceram.
Como bookholic, aprendi que capas bonitas nem sempre são prelúdio de livro bom.
Vale para as pessoas. Vale para a vida. Aonde quero chegar? Aparência não é
tudo.
“Beleza não se põe mesa” sempre diz minha vó quando resolve
dar um desses conselhos que os mais velhos adoram. E eu concordo. É claro que
não vou ser hipócrita e dizer que não gosto de homens bonitos. Toda mulher
gosta. Assim como todo homem gosta de olhar mulheres bonitas. Mas, numa
relação, isso pouco importa. Depois dos quinze minutos, não há aparência de
Deus grego –nem mesmo Johnny Depp –que salve um papo ruim. O cara bonitinho
deixa de ser tão bonitinho assim se ele não consegue mostrar que, além de uma
capa bonita, há uma boa história capaz de nos prender e nos fazer querer ler cada vez
mais. Por outro lado, aquele cara que não te conquista na primeira olhada, pode
te surpreender se você se permitir analisar mais do que sua embalagem.
A verdade é que a televisão, o cinema, os livros, nos
fizeram acreditar que há um tipo de beleza, apenas, um modelo a ser seguido.
Mulheres tem que ser magérrimas feito modelo de passarela ou gostosas como as
mulheres do funk que exibem seus corpões nos palcos. E os homens, de preferência, precisam ser
morenos, altos, fortes, sarados, bonitos e sensuais. A padronização nos faz
parecer modelos em série produzidos por uma mesma máquina. Perdemos nossa
identidade, nossas digitais, o prazer de sermos imperfeitos e únicos. O
resultado disso todos nós sabemos: transtornos alimentares, adolescentes de
treze anos indo para a academia, desespero –que às vezes viram doenças –por se encaixar num mercado
(isso mesmo, mercado) cada vez mais exigentes e surreal. Viramos produtos.
Precisamos de embalagem.
Mas o amor nunca teve haver com um mercado, com rótulos ou padrões
impostos aqui ou lá. E com o tempo a gente percebe que mais importante do que
o reflexo de nosso espelho é o que refletimos em nossa alma. Desfilar com
alguém bonito pode ser legal se você tem a intenção de viver numa passarela 24
horas por dia. Para mim, o amor pouco tem a ver com ostentação. E está além do “relacionamento
sério com” que exibimos nas redes sociais para mostrar o gato (ou gata) que
conquistamos. Mais importante do que um rosto bonito e um corpo escultural é um
coração bonito que esteja disposto a aceitar nossos defeitos, manias,
esquisitices e imperfeições que temos e tentamos esconder com sorrisos de
boneca e corpo conquistado na academia. Mais importante do que olhos claros é
uma alma clara (e não falo de cor, mas da bondade que carregamos e estamos
dispostos a dividir com as pessoas).
Caios Castros e Johnnys Depps, Brunas Marquezines e Jennifers Anistons,
são legais de se olhar –na televisão –No dia-a-dia, a gente aprende a não comprar
o produto pela embalagem, a não se ludibriar completamente por boas
propagandas. Não estou dizendo que rostos bonitos não tem conteúdo. Só dizendo
que ser considerado perfeito não é tudo. Aparência não é tudo. A não ser que você
queira viver um amor para os outros e não para você, mostrar para as pessoas um
status invejável no facebook porque traçou alguém irresistível. Mas ainda
acredito que a maioria de nós sonha em viver realmente um amor, entre quatro
paredes, não na rua. Por trás de um príncipe, todo mundo já encontrou um sapo.
E, talvez, se você se permitisse outra chance, conseguiria ver no Shreck um príncipe
que tanto procura por aí.
No fundo, somos como os livros. Mais importante do que a
capa que alguém fez para você, é a história que você conta para quem se permite
te ler. Pare de olhar para o espelho e olhe para dentro de você: seu conteúdo
convence? Tomara que sim. Nada é mais decepcionante do que um rostinho bonito
sem conteúdo. Nada é mais apaixonante do que um bom conteúdo por trás de um
rosto comum que precisa de mais de uma encarada. Produtos a gente até pode
comprar pela embalagem e livros pela capa –não há nenhum crime nisso –Mas pessoas
não são produtos. E o amor, quando verdadeiro, é mais bonito que qualquer
fantasia que vestimos por aí.
Pense nisso.
Comentar o que nesse texto perfeito? Que está doando meu rosto do tapa que levei? Pode ser, porque é verdade.
ResponderExcluirVocê arrasa né Fê? não canso de falar.
amei <3<3
Parece a conversa que eu tive com você ontem. Mas OK.
ResponderExcluirTem como ser mais foda que isso?? Então... Quando eu acho que isso NÃO é possível, você vem e me surpreende mais uma vez. Como pode>?!
Pra NÃO variar NADA, eu amei esse texto, né?!
E assim, só pra destacar, eu quero dizer que amei essa frase: "Mais importante do que a capa que alguém fez para você, é a história que você conta para quem se permite te ler."
Enfim, é isso.
E QUE VENHAM MAIS TEXTOS FODAS ASSIM <3<3<3<3<3<3<3
Que perfeição de texto!
ResponderExcluirTrancação mesmo.Curtido 1324748 de vezes.
Amo a tag Entre A Gente, tu fecha :D
<333