segunda-feira, 17 de março de 2014

Deixa Pra Lá


Tá beleza.  Ninguém morre por um fim de amor. No máximo a gente sofre umas escoriações meio graves, umas queimaduras de segundo grau, mas passa. Sempre passa, né? A gente se entope de bebida aqui, de música ruim ali, de coragem lá e vai em frente. Vai se empurrando pra longe, vai colando os cacos enquanto anda, vai ensaiando sorriso no espelho e vai se convencendo que acabou. As coisas acabam mesmo, fazer o quê.  Depois da festa a gente tem é que limpar a bagunça mesmo. Quebrar um coração requer covardia. Conserta-lo requer muita coragem. Colar pedacinho por pedacinho dá trabalho, não fica perfeito, mas você olha e então diz: dá pro gasto. Tá tudo bem, entende? Não quero que você se sinta culpado do lado que está só porque derramei algumas lágrimas, bebi muita cerveja ruim-barata, aluguei uns ouvidos amigos por horas e horas falando sobre sua audácia de me deixar aqui enquanto eu só queria ir com você. Não se culpa não. A culpa é minha que não percebi que o amor acabou daí. Mas é que o amor daqui continua enorme, cê me entende? E a culpa não é minha também.

Fico me perguntando quando foi que acabou pra você. Em que hora, dia, semana, mês, posição da lua. Será que foi quando gêmeos entrou em libra? Ou quando Saturno trombou com Urano? Será que foi quando eu fui te dar um beijo e você meio que se esquivou dizendo que ainda não tinha escovado os dentes? Ou quando não reparou meu corte novo no cabelo, a roupa que comprei pensando em você e como eu tava de febre enquanto você arrumava as malas pra ir embora? Será que foi no meio da festa ou na hora do porre? Na hora do sexo ou na hora do silêncio? Na hora do amor ou na hora das brigas? Por que seu amor não deu as mãos ao meu antes de ir embora? Começaram juntos, que terminassem juntos além daqui. Eu juro que ficava e não te seguia. Eu juro que não te perseguia. Dava um tchau, até logo, quando quiser voltar cê já sabe o caminho, viu? E volta. Que é sempre bom olhar pra trás e perceber que é pra frente que se anda mesmo, não é?

Mas oh, se preocupa comigo não. Nem sei por que peço isso se já sei que você deixou de se preocupar a muito, né? Só falo por falar que é porque queria que você soubesse. Não tô me tornando uma viciada-suicidada-maluca-entupida-de-bebida pra te esquecer não. Só bebo que é pra encher o vazio da falta do amor, mas tô no controle. Continuo no controle. Não tô falando de você pelas redes sociais, maldizendo sua ida, desfazendo-se dos momentos que só você me deu como alguma recalcada-neurótica-ridícula que não sabe agradecer pelo que se passou. Sei lá, amor, cê sabe que eu não consigo odiar quem um dia me fez tão bem. E como é que poderia te odiar se ainda há amor aqui? Se ainda vai haver amor por tanto tempo dentro de mim? Dou conta não. Transformo sua partida em letras de música que ninguém vai ler. Faço do meu coração partido recanto de poemas que não rimam e não tem graça, mas desafogam minha alma de uma dor que não sei sentir. Aí me arrisco uma dança sozinha e dramática no meio da sala que agora está enorme enquanto limpo a bagunça que eu estou. Prometo que não vou te ligar, te perseguir, te encher de perguntas do porque que você se cansou e se foi. Prometo que não tô procurando pai-de-santo desses que prometem o amor em três dias pronto-entrega junto com umas flores murchas e um pedido de desculpa pela ida. Prometo que nem autoajuda eu ando lendo. Na verdade: não ando nada. Tô aqui parada mesmo, vendo você ir.

E te desejando toda sorte do mundo mesmo. E torcendo pra que você seja muito feliz em seu novo caminho. E tomara que você se lembre de mim em algum ponto entre o chegar lá e estar procurando uns novos braços. E sinta carinho por esses meus braços cansados. E resolva dar uma notícia que é pra eu ver se cê tá bem mesmo. Entende? Você pode dar o nome disso do que você quiser, eu nem ligo. Não dou a mínima. Só quero o bem a quem me fez tão bem. E você me fez. Ainda me faz. Mesmo não estando mais aqui. Mesmo já tendo ido para longe de mim. Manda um cartão postal, uma foto de mural, um convite pro seu casamento ou um imbox de desculpas pelo facebook. Manda um alô por um amigo em comum, tá bem? Que eu fico aqui torcendo por você. Eu fico aqui limpando o que você fez e me limpando também que é pra não aparecer nenhuma erva daninha nesse nosso amor que foi tão bonito. Eu fico aqui te desejando tudo de melhor porque cê merece por tudo que me ensinou, me provocou e me moveu. Juro que te desejo aqui tudo o que você quiser alcançar. Sem raiva e sem remorso. Sem amor próprio ou orgulho. Sem nada disso que esperam de um fim de romance.

Quero que você seja feliz.


E de tão feliz que você seja, que você resolva voltar. Vai que só assim você perceba que pra tu ficar completo falta em você um pouco de mim.

Ah, esquece. Deixa isso pra lá... Como você acaba de me deixar.

Quero é te ver
Dando volta no mundo indo atrás de você, sabe o quê
E rezando pra um dia você se encontrar e perceber
Que o que falta em você sou eu
Pra Você Dar O Nome -5 à Seco



2 comentários:

  1. Ficou ótimo Fê *---------*
    Já é muito clichê dizer que cê arrasa? HAHAHA
    Amei <3

    ResponderExcluir
  2. que jeito mais bonito de escrever, é tão inocente e maduro ao mesmo tempo, virei fã!

    ResponderExcluir

Comentários

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Compartilhe