terça-feira, 21 de outubro de 2014

Perpétua Loucura


Nós descemos correndo a escada de emergência. Todos nos aplaudiam, mas nos tachavam de loucos. Ninguém colocava fé de que aquela loucura daria certo. Casar aos 18 anos? Quem faz isso hoje em dia? Mas nós dois sempre tivemos fogo e loucura, desde a primeira vez que nos olhamos, desde a primeira vez que nos beijamos. O seu primeiro toque em mim quase incendiou tudo e a partir desse dia já sabíamos que essa história iria ser bastante louca, mas sem nunca ter um fim.

Agora, olha pra nós dois. Ninguém acreditava que fosse durar tanto. As pessoas nos encontram sempre dizendo a mesma frase: “Quanto tempo mesmo?” Seis anos, nós respondemos! Se não é para sempre, pelo menos conseguimos superar as expectativas. Já foi tão difícil, quando faltava tudo na nossa pequena casa, mas nunca faltou amor. Agora, você está aí parado na porta olhando com essa cara de quem acha que afinal foi mesmo coisa de louco, pensando em como vamos fazer agora com mais um membro na família. 

Eu sinto tanto medo quando você começa a fazer essas caras de preocupação, como se fosse arrumar suas malas a qualquer momento e me deixar aqui sozinha, agora nem tão sozinha assim. Mas você nunca deixa. Qual é o problema, o caos, afinal? A gente sempre quis um bebê. Sempre achamos que alguém um dia teria que perpetuar a nossa loucura. Mas de repente você anda de um lado para outro como se essa não fosse mais uma boa ideia e eu fico aqui na nossa cama te olhando, e mesmo na gravidade da situação sem conseguir tirar os olhos do seu abdômen definido. 

Eu penso em tudo que nós vivemos até aqui, lembro até do nosso primeiro beijo e tenho certeza de que não dá pra ficar sem você, mas agora eu preciso pensar no meu filho ou filha, não sei. Já estou começando a agir como uma mãe de verdade. Eu não posso abrir mão do presente que Deus me deu. E quando uma lágrima finalmente começa a rolar pelo meu rosto, você volta pra nossa cama, puxa meu corpo pra perto do seu e com a voz mais calma e linda do mundo diz: Será que é menino?

Karinna Souza é escritora, autora e fundadora do blog "Uma aspirina, por favor!", tem 17 aninhos de vida e cabelos cacheados que eu amo. Escreve tanto e a tanto tempo que nem se lembra quando comecei. Tem um otimismo e autoestima de causar inveja. Costuma se descrever como uma confusão sem solução. Apaixonada por música (principalmente alternativa), livros, gente e completamente viciada em café. 

Se você escreve e quer seu texto publicado aqui, manda pra mim que se eu gostar você pode aparecer no UDC! Envia pro e-mail nanzcampos@gmail.com com o título COLABORAÇÃO EVENTUAL e boa sorte!

2 comentários:

  1. Que mimo de texto, com gostinho de primavera. Quando a gente não aguenta mais a frieza do inverno, uma flor vem pra nos fazer sorrir .. Esse texto, simples e lindo foi mais ou menos assim pra mim .. Adorei :)

    Bjs
    P.S.

    ResponderExcluir
  2. Adorei!
    Lembrou muito a história de uns amigos meus!
    Uma delicadeza de texto, juro! Muitoamô! <3

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Comentários

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Compartilhe