quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Por Favor, Desligue o Wi-Fi



Antes de escrever qualquer coisa, eu quero deixar claro que eu sou viciada em rede social. Eu amo o twitter, eu tô sempre no facebook, eu visito sempre o instagram e, principalmente, eu sou apaixonada pelo whatsapp. Confesso que as carinhas lindas como recurso nessa última rede social é o que mais me chama atenção, mas o fato de poder falar quando a preguiça de escrever tá maior é um excelente ponto a favor. Por isso, não é raro de me ver em algum canto, sozinha, com o celular na mão. Não é raro me ver conferindo uma vez mais pra ver o que está pegando no twitter, o quanto minha timeline facebookiana pode ser reacionária-coxinha ou como eu tenho amigas idiotas no meu whatsapp. E tudo bem você achar que isso é patológico, eu não ligo. Eu vou continuar adorando cada cantinho virtual que me coloca em contato com pessoas que gosto, com amigos que moram longe, com leitores que eu acabei pegando um carinho enorme e desejando falar todos os dias. E é por ser uma viciada por rede social que eu faço um apelo:

Quando estiver em companhia real, por favor, desligue o wi-fi.

Eu explico. Não tem nada mais chato do que estar com alguém ao seu lado que está há duzentos quilômetros de distância. Nada mais chato do que escutar uma música e não ouvi-la realmente. Ler um livro e não compreender o que traz nas entrelinhas do que não foi dito. Não há nada pior do que estar acompanhado e se sentir solitário. Falar e não ser ouvido. Ficar perto e não ser notado. Pedir ajuda e nem sequer receber um olhar na sua direção de quem ao menos está ali, prestando atenção no que você disse.

Quando eu tô com meus amigos que moram na mesma cidade que eu, eu desligo o wifi. Eu guardo o celular no bolso ou na bolsa. Eu deixo-o longe de mim e me permito curtir os momentos que posso ter de realidade com quem eu realmente gosto. Eu controlo meu vício por uns minutos ou umas horas, não importa, e eu realmente espero que isso seja recíproco. 

É normal quando você está sozinho querer companhia nem que seja virtual. Não acho que seja patológico, apesar de que algumas pessoas possam discordar de mim. É legal que você tenha como recurso as redes sócias pra te aproximar de pessoas que você gosta e não pode ver. Eu sei disso muito bem porque carrego na minha vida muitos amigos virtuais que nunca consegui nem encontrar pessoalmente e que adoro conversar o dia todo. Não é normal se isso está atrapalhando sua vida social, sua vida real, suas amizades com as pessoas da sua faculdade, do seu curso, seu namorado, sua família.

Vai. Te faço um convite. Desliga o wifi.

Antes de entender tudo sobre emotions virtuais, comece a entender sobre as reações das pessoas ao seu lado. Como seu amigo levanta a sobrancelha quando fica em dúvida. Como seu namorado coça a cabeça quando está preocupado. Como aquela pessoa que você é super-afim é muito mais interessante conversando pelo corredor do que pelo chat do facebook. Se permita que a vida a sua volta te contamine mais do que a vida do mundo inteiro consegue te contaminar. Não tem importância se não vai ter momentos registrados no instagram, o importante são os momentos que você carrega na sua memória. E, sabe, as melhores coisas da vida nunca são realmente registradas porque, na medida que estamos realmente nos divertindo, o celular, a câmera e a rede social são esquecidos no canto da mesa ou dentro da bolsa e só recuperados no final da noite.

Se você não consegue fazer isso, se as pessoas que você tem a sua volta não tem assunto o suficiente pra prender sua atenção, se o curso que você faz só tem aulas chatas que você sempre usa como rota de fuga o mundo on-line, então talvez esteja na hora de rever seus conceitos ou o que você está construindo pra você. Uma coisa que eu, viciada assumida por rede social, aprendi e guardo comigo é que se eu tô com uma pessoa que me deixa por minutos pensando o que pode estar acontecendo quando eu prefiro estar com ela do que em qualquer lugar do mundo então talvez eu não esteja com a pessoa certa. Porque a pessoa certa –e podem ser várias pessoas certas, não falo só de uma –te deixa a vontade e sem nem querer olhar no relógio pra ver a hora que tem que ir embora, que dirá o que é que está acontecendo no Paquistão.

E, principalmente, se eu estou com uma pessoa que não consegue desligar o wifi e olhar nos meus olhos pra conversar bobagens e morrer de rir, bem, então eu definitivamente não estou com quem eu deveria estar.

Por isso eu sou super a favor da campanha:

Desliguem o wi-fi.

E conversem entre si.


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