domingo, 10 de janeiro de 2016

Escre(ver)



Há mais ou menos dois anos me sentia incomodada todas as vezes que ouvia as pessoas enumerando os vários talentos da minha irmã enquanto para elas, eu era apenas a garota que estudava. Depois de ter cansado de questionar o porquê de acharem isso, passei a me esconder com uma caneta e um caderno em mãos. E em meu esconderijo, mais conhecido como quarto, rabiscava algumas palavras sem sentindo. Foi quando finalmente percebi que eu gostava mesmo era de escrever. Contar histórias.  

Não sei cantar, não toco nenhum instrumento, nem pratico algum esporte, mas aprendi a escrever. E diferente do que muitos pensam, escrever é difícil. Tão quanto andar de bicicleta de olhos fechados.  E quando estou dizendo que escrever é difícil, não estou referindo a gramática, ortografia, pontuação ou concordância. É difícil porque deixo que outras pessoas conheçam aquilo de mais secreto e profundo que existe dentro de mim. É difícil porque permito que outras pessoas enxerguem as minhas feridas e cicatrizes, sintam as minhas lágrimas e decepções, descubram os meus amores e sonhos.

Escrever é desafiador, afinal, exige de mim uma coragem quando na verdade sou uma colecionadora de medos. Me obriga a colocar minha “cara a tapa” mesmo sendo extremamente tímida. Faz com que eu entregue ao risco de ora ser compreendida, ora criticada.

Escrevendo me exponho, fico nu de alma diante de todos. Escrevendo faço os sentimentos ganharem vida. É escrevendo que imortalizo momentos especiais como se fossem fotografias. Mas é escrevendo também que, revivo o que passou quando a saudade aperta.

Mas escrever também é refúgio. É alívio para a dor e calmaria para minha alma agitada. Escrever é liberdade, pois é escrevendo que digo tudo aquilo que não consigo emitindo voz. Escrever é nunca estar sozinha, mesmo sem ter ninguém por perto.

Escrever é ver com outros olhos aquilo que está ao meu redor, mas principalmente, aquilo que está dentro de mim. É dar uma nova perspectiva as coisas que vejo e sinto para tentar compreender o caos interior e exterior.

Não sei se escrevo bem, ou se faço diferença na vida de alguém com as minhas palavras (que muitas vezes são sem coerência) . Apenas escrevo. Às vezes para você, mas, sempre, para mim.

Ah! E se hoje alguém me perguntar qual é o meu talento, responderei com orgulho: “Eu escrevo(ou pelo menos tento).

7 comentários:

  1. Que linda! Se há algo mais belo do que aquela arte que vem da alma, alguém me apresente, pufavô.
    Acho que escrever dá sentido pra quem vem sentindo, né?
    Lindo texto.

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    1. Só escrevendo que muitos sentimentos ganham sentido.
      Obrigada ;)

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  2. Que texto lindo!
    Também passei muitos anos questionando se escrever era realmente meu (um) talento ou não, e sei que o dia mais libertador e mais legal da minha vida foi ter decidido que era sim, era meu maior talento e pronto, não me incomode. E a gente se sente exposta sim, dá vergonha mesmo, mas escrever é a melhor coisa do mundo mesmo assim.
    Parabéns!
    Ruh Dias
    perplexidadesilencio.blogspot.com

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  3. Nossa, que belas palavras!!!!
    O dom da escrita é realmente magnífico, lindamente magnífico!

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    Respostas
    1. "Escrever requer coragem. Escrever é muito difícil", como disse meu professor esse período.
      Obrigada <3

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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Comentários

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