Tentei me afogar na banheira dia desses. Não consegui.
Resolvi me eletrocutar. Não parecia muito difícil na novela das nove. Mas não dava
para fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Tomei cinco remédios para dormir
querendo não acordar nunca mais.
Emagreci cinco quilos, Perdi aquela barriga que você tanto
disse que deveria perder. Tomo cafeína o dia todo para conseguir ir trabalhar.
Depois tomo calmantes –no plural porque um só já não faz mais efeito –para conseguir
dormir. Você acharia ruim se estivesse aqui. Mas você não está. E não se
importa.
Deixei a barba crescer, não tenho cabeça para me barbear
porque todas às vezes que tentei me cortei. Parei de beber E comecei a fumar.
Quatro maços por dia, só para ter algo nas mãos. Nas mãos que antes tinha você.
Ando parecendo um mendigo de carro na garagem.
Tentei cortar meus pulsos. Dar fim a esse sofrimento, a essa
saudade, a essa dor. A essa solidão. Cortei. Mas me acharam antes que chegasse
ao resultado final e eu acordei numa cama de hospital com pares de olhos me
censurando. Olhos que não eram seus.
Se vergonha matasse, teria morrido. Se fracasso matasse, já seria
só ossos. Falaram que eu estava louco, depressivo, suicida em potencial. Me
indicaram um analista, um terapeuta, um psiquiatra. Ninguém entende –e nem
poderiam –que não é depressão –o mal do século. É tristeza –o mal do amor.
Meus olhos perderam o brilho. Meu sorriso ficou amarelo.
Minha vida perdeu a cor. E eu perdi o emprego. Ninguém quer um fracassado na
empresa. Agora tem sempre alguém de olho em mim e por isso ando com insônias horrorosas,
porque não posso mais tomar calmante.
Meu psicanalista disse que precisava me livrar de você.
Coitado. Não entende nada do que sinto. Porque não conhece você. Talvez, se
conhecesse, entenderia porque dói tanto, porque é tão insuportável. Ao invés de
me pedir para me livrar de você. Como se fosse possível me livrar das lembranças.
Do se sorriso. Do seu olhar. E desse amor todo que me consome. E me mata aos
poucos, como um psicopata que assiste a sua vítima agonizar de dor e suplicar misericórdia.
Eu queria saber o que fazer para você voltar a iluminar meus
dias. E me dar sentido para viver. E fazer parar de doer. Ando inconsolável,
mas não importa para você. Você não liga. Não se preocupa. Não vem. Se livrou
de mim assim como me pediram para me livrar de você. Se livrou, como se livra
de uma agenda velha, de um copo quebrado, de uma amor que não deu certo. E não se
deu ao trabalho de me ensinar como se faz isso.
Pelo contrário, saiu batendo a porta sem olhar para trás. E
me deixou aqui, inconsolável, tentando achar um jeito –um único jeito –de te
fazer voltar.
"Você acharia ruim se estivesse aqui. Mas você não está. E não se importa."
ResponderExcluirAI AI AI :(
Que triiiiiste esse conto :/
mas lindo, como sempre :/
Meu Deeus *0* vou falar direto e reto: esse é o texto mais maravilhoso que já na minha vida *-----------* foi incrivel, um pequeno momento mágico, até salvei na minha barra de favoritos, já estou seguindo o blog. Eu também escrevo, e espero um dia chegar a isso. Incrível :)
ResponderExcluirsorrisomet4lico.blogspot.com
Nossa
Excluiro.o o.o
to em choque
HSAUSASAHSAUSAHSAUSA
mas obrigaaaaaaaaaaada
Perfeito!
ResponderExcluir